Discurso da direitista Marine Le Pen dificulta a permanência de Nicolas Sarkozy no Palácio do Eliseu

Água fria – Faltando cinco dias para o segundo turno da eleição presidencial francesa, o presidente Nicolas Sarkozy chegou a diminuir a diferença para o socialista François Hollande, mas a possibilidade de vitória no próximo domingo (6), ainda está na seara do impossível. De acordo com o instituto de pesquisas Ipsos, Sarkozy tem 47% das intenções de voto, enquanto o Hollande tem 53%.

Se o candidato-presidente sonhava com uma reviravolta na reta final, esse sonho foi transformado em pesadelo depois de declaração da direitista Marine Le Pen, que nesta terça-feira (1) afirmou que votará em branco no segundo turno. “Cada um fará sua eleição. Eu farei a minha. Vocês são cidadãos livres e devem votar de acordo com sua consciência, livremente”, afirmou a líder da Frente Nacional. “Não concederei minha confiança nem mandato a esses dois candidatos (…). No domingo, votarei em branco”, completou.

A declaração de Le Pen jogou por terra o esforço de Sarkozy, que no segundo turno modulou seu discurso para atrair a extrema-direita. Essa incursão na direção dos seguidores de Marine Le Pen fez com que Sarkozy perdesse parte dos votos dos eleitores de centro, que podem migrar para a campanha de François Hollande.

Para comprometer o desejo de Nicolas Sarkozy de permanecer no Palácio do Eliseu, há na Europa um movimento, impulsionado pela crise econômica, que tem levado à substituição de chefes de Estado, não importando a corrente ideológica dos substituídos e dos que chegam ao poder. Contudo, essa dança de cadeiras parece não estar dando resultados. A mais recente prova do fracasso desse movimento está na Espanha, que em novembro de 2011 colocou Mariano Rajoy no comando do governo, que não conseguiu evitar que o desemprego alcançasse incríveis 24,44% no primeiro trimestre.

Esse cenário deixa claro que mudanças no poder em nada interferem nos rumos da economia da União Europeia, que passa por uma grave crise, com consequências que já singram os mares na direção de outros países. Por enquanto a França, ao lado da Alemanha, mantém-se a salvo desse turbilhão, mas qualquer mudança de rumo na política econômica do país pode colocar todo o esforço a perder. No caso de François Hollande vencer as eleições do próximo domingo, muitas das suas promessas terá de ser abandonadas, sob pena de a França ser arrastada para o olho do furacão pouco tempo.