Em SP, nem mesmo as ilhas escapam da ousadia dos criminosos e da inoperância do Estado

Mãos ao alto – No passado, quando bandidos perigosos afrontavam a sociedade ou desafiavam o sistema, o Estado recorria a unidades prisionais remotas, especialmente as localizadas em ilhas oceânicas. É o caso do presídio da Ilha dos Porcos, posteriormente rebatizada como Ilha Anchieta, localizada no litoral norte paulista. A ideia inicial era trancafiar os condenados em locais onde a possibilidade de fuga fosse mínima. O que em tese tem sua dose de lógica.

Com o passar dos anos, a falência do Estado passou a contrastar com o avanço do crime organizado. O mais trágico para a sociedade foi contemplar a inoperância oficial e a ousadia dos criminosos crescendo em proporções idênticas. Enquanto busca métodos supostamente eficazes para acabar com a marginalidade, o Estado, como um todo, trata a violência como um problema social, ao mesmo tempo em que ignora a obrigação constitucional de proporcionar segurança ao cidadão, que faz a sua parte com o recolhimento de impostos.

História e filosofia à parte, o Executivo vem perdendo de forma vergonhosa a guerra para os criminosos. Na madrugada desta terça-feira (8), bandidos desafiaram a lógica citada no início da matéria e decidiram roubar três caixas eletrônicos de uma agência bancária instalada na Ilha Bela, porção oceânica paradisíaca pertencente ao município de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo.

A polícia foi chamada, o que resultou em intenso tiroteio, mas os bandidos conseguiram fugir com o produto do roubo. Em outras palavras, no Brasil a definição de ilha difere daquela clássica estabelecida pela Geografia. Ilha é, sim, uma porção de terra cercada de água por todos os lados, recheada com marginais ousados e um Estado omisso.

Quando o ucho.info critica a política de segurança pública adotada pelo governo paulista, muitos são os que se levantam para acusar-nos de sermos tendenciosos ou de favorecermos os adversários políticos de Geraldo Alckmin. É importante lembrar que neste site não se faz jornalismo de encomenda e muito menos há favorecimento de políticos. O nosso dever é proteger a sociedade das mazelas do Estado, cujas falências devem ser apontadas sem temor algum.