Encontro de Lula com advogado de Cachoeira levanta suspeita sobre estratégia para esvaziar CPI

Tudo combinado – Sob o manto do direito constitucional de não produzir provas contra si, Carlinhos Cachoeira poderá sair da condição de intimado mais aguardado para a de principal fiasco da CPI. E a chance de isso acontecer é grande, para não afirmar que é total, pois o advogado Márcio Thomaz Bastos, que defende o bicheiro goiano, já disse que seu cliente poderá se manter em silêncio durante a inquirição a ser feita pelos parlamentares.

Sem dúvida alguma trata-se de um direito constitucional do acusado, mas essa estratégia vai ao encontro dos interesses do Partido dos Trabalhadores, que não mensurou com a devida propriedade as consequências de uma investigação mais apurada do escândalo. Isso porque no imbróglio de Cachoeira há muito mais companheiros e aliados envolvidos do que imagina a cúpula petista.

Antes de seguir para Brasília, onde pleiteou na segunda-feira (7) acesso aos documentos relativos ao inquérito da Operação Monte Carlo e que estão em poder da CPI, o criminalista Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, desrespeitou o bloqueio imposto pela segurança de Lula e visitou o ex-presidente no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Fora da agenda, o encontro durou menos de uma hora e certamente serviu para ambos traçarem os em relação a Cachoeira.

Há dias, no DIRETO DA CORTE, o editor do ucho.info afirmou sem medo de errar que a CPI do Cachoeira tem tudo para dar em nada. Apesar do paradoxo, a firmação está baseada não apenas na experiência do jornalista em CPIs, mas porque pela primeira vez na história política nacional um partido que está no poder defende a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Isso prova que a CPI, dominada com largueza pela base aliada, é mais uma ferramenta eleitoral.

Quando uma nação se rende silenciosa a esse tipo de estratagema, é porque a ditadura civil está muito mais próxima do que se imagina. A continuar assim, o brasileiro deve se acostumar com a ideia de ser apenas um eleitor que nas urnas referendará um regime totalitarista, o que muitos costumam chamar de ditadura perfeita, se é que há perfeição nisso.