Desgastar a imagem de Roberto Gurgel é a estratégia do PT para esvaziar o julgamento do mensalão

(Foto: Renato Araújo - ABr)
Jogo sujo – A base governista no Congresso Nacional quer ouvir o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito criada para investigar as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários. A questão defendida pelos governistas é que Gurgel não deu importância ao inquérito da Operação Vegas, da Polícia Federal, retardando procedimentos contra alguns parlamentares, como é o caso do senador Demóstenes Torres, flagrado em diversas conversas telefônicas com Cachoeira.

A ideia ganhou força depois do depoimento de dois delegados de Polícia Federal, que foram ouvidos em sessão secreta pelos integrantes da CPI. O objetivo da base aliada é desgastara a imagem de Roberto Gurgel, que terá papel importante no caso do julgamento, pelo STF, do caso que ficou nacionalmente conhecido como “Mensalão do PT”.

Principal incentivador da CPI do Cachoeira, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva continua negando a existência do mensalão, esquema criminoso que trocava dinheiro por apoio político no Congresso. O objetivo de Lula, de chofre, foi atingir o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), um dos seus desafetos. Acontece que o ex-presidente errou a mão e a CPI pode arrastar para o olho do furacão uma porção de companheiros e aliados.

Como em ano eleitoral um escândalo de corrupção causa estragos consideráveis, Lula quer ver o PT livre dessa pecha, que não tardará para vir à tona. O problema maior é evitar que o julgamento do caso do “Mensalão do PT” produza efeitos desastrosos nas eleições municipais. Sob a ótica do bom Direito, os acusados não terão outra saída que não enfrentar a condenação, que nesse caso não será leve. Sendo assim, a estratégia do momento é bombardear Gurgel com a primeira munição que se apresentar.