Comissão da Verdade estreia com dissenso e pode produzir meia verdade à moda da esquerda

Cortina de fumaça – Emocionada, a presidente Dilma Vana Rousseff instalou nesta quarta-feira (16), durante cerimônia no Palácio do Planalto, a Comissão Nacional da Verdade, criada para investigar as violações aos dos direitos humanos cometidos no período compreendido entre os anos de 1945 e 1988, que inclui a ditadura militar. Durante o evento, Dilma contou com a presença dos ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio da Silva.

Dilma disse que a Comissão da Verdade não é motivada por “ódio”, “revanchismo” ou “desejo de reescrever a história”, mas esse é um assunto que suscita dúvidas de toda ordem. “Ao instalar a Comissão da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu”, afirmou a presidente em discurso. “Nos move a necessidade imperiosa de conhecê-la [a verdade] em sua plenitude, sem ocultamento”, declarou a presidente.

Tão foi instalada a Comissão, alguns dos seus integrantes divergiram sobre o foco das investigações. Para o ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça e primeiro coordenador do grupo, “toda violação” deve ser apurada. Ou seja, nesse escopo inserem-se os agentes do Estado e os integrantes da resistência, para não chamá-los de terroristas. “O artigo primeiro da lei refere que toda a violação a direito humanos poderá ser examinada pela comissão”, afirmou Dipp ao ser questionado sobre o tema.

Cláudio Fontelles, ex-procurador-geral da República, pensa na direção contrária. Ele entende que a Comissão deve se restringir aos atos cometidos pelos agentes do Estado. “Essa comissão é fruto de uma lei que reconheceu que o Estado brasileiro violou direitos humanos através de servidores públicos. Se essa lei mostrou esse quadro assim, então nós temos de cuidar de avaliar as condutas dos servidores públicos, que violaram direitos humanos. É ser fiel à lei”, declarou Fontelles.

Essa divergência dificilmente permitirá um consenso, necessário para o andamento dos trabalhos da Comissão da Verdade, que, segundo os atuais ocupantes do Palácio do Planalto, servirá apenas para levar à sociedade a verdade sobre acontecimentos do passado.

Por mais que Dilma garanta que não haverá ingerência por parte do governo, o projeto é fazer da tal Comissão da Verdade um órgão de apuração da meia verdade, pois a outra metade, protagonizada pelos atuais donos do poder, não pode ser revelada por conta dos atos cometidos. Em outras palavras, Dilma patrocinará a divulgação da verdade que convém à esquerda verde-loura, o que será possível com a manutenção de mentiras conhecidas e mistérios recorrentes.

Não se trata de defender os operadores da ditadura militar ou ser adepto das práticas criminosas adotadas à época. Trata-se, sim, de cobrar isonomia na apuração dos casos de violação dos direitos humanos, independentemente de quem tenha transgredido. Não cabe, de igual modo, uma eventual acusação de direitismo, porque o editor do ucho.info e alguns familiares foram perseguidos políticos, com direito a parte dos absurdos que constavam da cartilha da era plúmbea. Sendo assim, isonomia já!