No governo da presidente Dilma alguém falta com a verdade quando o assunto é a economia brasileira

Discurso não bate – Não faz muito tempo, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse, sem medo de errar, que a economia brasileira passaria ao largo da crise econômica internacional que afeta principalmente a União Europeia. Na sequência foi a vez de Dilma Rousseff endossar as palavras do ministro da Fazenda, apostando as fichas palacianas em uma inviolabilidade que nenhuma economia ao redor do mundo tem.

O fraco desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano revela as interferências externas. Como destacamos na matéria anterior, a retração do consumo global começa a afetar diversas economias, inclusive a do Brasil. Com boa parte do planeta pisando no freio do consumo, a China, por exemplo, enfrenta um desaquecimento porque já não exporta como antes. Sem o mesmo volume de encomendas, a China foi obrigada a reduzir sua produção, o que provocou queda no consumo interno, que por sua vez obrigou a uma queda na compra de insumos que o país asiático tanto carece, como soja, minério de ferro e outras commodities. Para complicar o cenário, a alta do dólar serviu para comprometer a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.

Impulsionado pelo risco cada vez maior no exterior, o dólar encontrou no fraco desempenho da economia verde-loura um motivo extra para subir de preço. Com isso, nesta sexta-feira (1), os investidores deram preferência ao mercado de câmbio, o que fez com que a moeda norte-americana fosse negociada a R$ 2,033 uma hora depois da abertura do mercado. Para dimensionar a expectativa dos investidores, o dólar encerrou o mês de maio com alta de 5,79%. O quebra-cabeça torna-se ainda mais complexo com o recuo da Bovespa na manhã do primeiro dia de junho. Por vota do meio-dia, a Bolsa operava em queda de 1,34%, anulando dessa forma o ganho do dia anterior, de 1,29%.

Há dias, ao anunciar medidas de estímulo à economia, o ministro Guido Mantega disse que a caixa de ferramentas do governo ainda está repleta. Diante dos solavancos que o Brasil vem enfrentando seguidamente, é possível imaginar que ou a tal caixa de ferramentas do governo tem um cadeado sem chave, ou o ministro tem se valido da ferramenta errada. Na fábula em que se transformou a sequência de previsões governamentais sobre a economia, apenas uma coisa é certa. Alguém está faltando com a verdade.