Seleção: melhor ficar no banco de reservas do que ser culpado por eventual fiasco diante da Argentina

Ressaca da derrota – O futebol brasileiro parou durante alguns dias no País, mas deu o ar da graça na Terra do Tio Sam. No terceiro de quatro amistosos que fazem parte de uma acanhada preparação para os Jogos Olímpicos de Londres, a seleção canarinho simplesmente decepcionou ao perder por dois gols a zero para os mexicanos. Com isso, chegou ao fim a lua de mel do técnico Mano Menezes com a torcida verde-loura, que tem quase duzentos milhões de especialistas no assunto.

As vitórias sobre as seleções da Dinamarca e dos Estados Unidos não convenceram, mas a torcida embarcou no ufanismo e repetindo um erro conhecido e colocou no Olimpo da bola uma equipe que ainda deve muito. Os dois recentes triunfos não deveriam merecer tanta atenção, como de igual modo a derrota para os mexicanos não deve ser encarada como sinônimo de incapacidade dos joagdores e competência do treinador. A equipe comandada por Mano Menezes está em fase de formação e pode chegar a 2014 em condições de colocar a Copa do Mundo na alça de mira, mas conquistar a inédita medalha de ouro olímpica na capital inglesa é um com chance de virar pesadelo, caso prevaleça o desempenho da equipe no último domingo.

Mano Menezes, que cada vez mais se aproxima da corda bamba, preferiu creditar o fracasso à inexperiência do grupo diante de uma equipe rodada, deixando quase em resposta as perguntas sobre a má atuação de Neymar, estrela do onze nacional. Apostar na vitória apenas porque o melhor jogador em atividade no Brasil está na equipe é um erro primário e desnecessário, que não combina com o currículo de Mano Menezes. No espetacular Cowboys Stadium, em Dallas, ficou evidente que Neymar atinge o máximo do seu rendimento se não for marcado sob pressão e se tiver à disposição um esquema semelhante ao que tem no Santos FC do professor Muricy Ramalho. Do contrário, Neymar é mais um em campo.

O grande equívoco, pós-derrota, é que jogadores talentosos enxertados por Mano Menezes em um esquema de jogo falho, que pendeu boa parte do tempo pelo lado esquerdo, serão substituídos na partida contra a forte e experimentada Argentina. Se por um lado alguns desses jogadores que retornarão ao banco de reservas perderão a titularidade, ao mesmo tempo ganharão a oportunidade de não passar por um eventual vexame diante do selecionado argentino, que entra em campo em Nova Jersey na condição de favorito.