Caso Cachoeira: CPI do Silêncio é tomada por falação, “bom mocismo” e excesso de inocência

Caso Cachoeira: CPI do Silêncio sofre reviravolta e é tomada por “bom mocismo” e excesso de inocência
Jogo de cena – A Comissão Parlamentar de Inquérito criada para investigar as relações e os negócios nada ortodoxos do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi ao longo das primeiras sessões batizada de CPI do Silêncio, pela decisão dos depoentes de permanecerem calados, mas desde terça-feira (12) já pode ser chamada de CPI da Inocência.

A exemplo do governador de Goiás, Marconi Perillo, que negou qualquer envolvimento com Cachoeira, o petista Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal, disse na manhã desta quarta-feira (13), em depoimento à CPI, que não tem qualquer vínculo com o contraventor, o qual encontrou apenas uma vez e em missão oficial.

É importante que fique claro novamente, pois há muito insistimos no assunto, que não há no Brasil campanha eleitoral barata, como também são inverídicas as prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral. Esse “bom mocismo” repentino que paira sobre a seara polícia não convence quem acompanha diariamente e com afinco o cotidiano do setor. O Congresso Nacional, por exemplo, é um clube privado de negócios milionários, que tem como fachada a suposta defesa dos direitos dos cidadãos.

Quem disputa uma vaga na Câmara dos Deputados só alcança a chance da eleição se estiver disposto a desembolsar R$ 50 por cada voto. Do contrário, tentar se eleger será um voo cego e com pouco combustível.

Voltando à CPI, a diferença entre os depoimentos de Perillo e Agnelo é que o último ofereceu publicamente a quebra dos seus sigilos bancário, fiscal e telefônico, o que não significa muita coisa, pois que atua na política sabe como apagar as digitais. E é por isso que existem os chamados “laranjas”. O depoimento de Marconi Perillo foi marcado por segurança e tranquilidade na fala, mas o governador goiano preferiu deixar para a Comissão a decisão sobre seus sigilos, sempre lembrando que ele próprio pediu para ser investigado. Ou seja, Perillo sabe o que fez e como fez.

Mesmo assim, tendência é que os trabalhos da Comissão terminem em nada, pois há uma equilibrada balança de forças, que contrapõe os interesses político-partidários da situação e da oposição. Que não pensem os incautos brasileiros que dessa CPI sairá algum documento sugerindo a condenação de um ou outro, pois por trás dessa ópera bufa há interesses maiores, como, por exemplo, o financiamento das campanhas para as eleições municipais que se avizinham.