Mídia amestrada dá destaque aos ataques do PT contra Perillo, mas não questiona escândalos petistas

Som encomenda – Quando o ucho.info, há mais de uma década, insistiu em fazer jornalismo opinativo na rede mundial de computadores, a concorrência logo de início nos criticou, alegando que a internet servia apenas para textos curtos e rápidos. Descobrindo o verdadeiro alcance da internet tempos depois, os nossos críticos foram obrigados a seguir nossos ousados passos, pois os leitores passaram a se interessar por textos mais elaborados e com informações de sobra, deixando de lado a fofoca redacional que ainda marca alguns sites e blogs.

Mesmo assim, alguns profissionais da imprensa vendem a própria consciência, esquecendo-se que dizem aos quatro ventos que são os guardiões da sociedade, cada vez menos desinformada por causa da genuflexão de muitos dos grandes veículos de comunicação. Quando a mídia amestrada se dedica a noticiar um fato, o faz de maneira pontual, sem apelar à história, o que permite comparações de acontecimentos e posturas dos operadores da política.

Encerrado o depoimento de Marconi Perillo à Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga os tentáculos de Carlinhos Cachoeira, o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse a uma emissora de televisão que ainda é preciso descobrir a origem do dinheiro utilizado na compra da casa do governador goiano. É preciso reconhecer que Perillo foi displicente ao receber três cheques, totalizando R$ 1,4 milhão, sem se preocupar com o emitente, mas não se pode esquecer que o PT, que tenta bombardear o governador, ainda deu explicações sobre a origem do dinheiro (R$ 1,7 milhão) que seria utilizado para o pagamento do Dossiê Cuiabá, conjunto de documentos apócrifos contra candidatos do PSDB em 2006. Apreendido pela Polícia Federal com os chamados aloprados, o dinheiro até hoje não teve a propriedade reclamada.

De igual modo, o relator disse que era inadmissível o fato de o esquema criminoso comandado por Cachoeira ter cooptado seis servidores do governo goiano, todos já fora do quadro estatal por vontade própria ou por demissão. Odair Cunha se esquece que cooptações, em número muito maior, foram a base do escândalo do Mensalão do PT, que deu ao então presidente Lula, por meio do pagamento de mesadas, apoio no Congresso Nacional.

Todas essas declarações ocorreram sem que o profissional da imprensa que entrevistava o relator fizesse qualquer menção aos fatos passados aqui mencionados. Para ser a guardião da sociedade – ou o quarto poder, como muitos ousam afirmar – a imprensa tem a obrigação de não apenas noticiar os acontecimentos do cotidiano, mas também confrontar os fatos, o que decerto desmascararia uns e outros, aqui e acolá. Para tal basta um coquetel simples: vontade, ética e consciência limpa. Aqui no ucho.info não se tergiversa, não se faz jornalismo de encomenda. Faz-se, sim, jornalismo responsável com base na crítica fundamentada, sempre a verdade dos fatos e os leitores.