Após Agnelo Queiroz abrir mão dos próprios sigilos, Perillo repete o gesto e amplia o picadeiro da CPI

(Foto: UOL)
Tudo combinado – Durante depoimento à CPI do Cachoeira, na terça-feira (12), o governador Marconi Perillo, de Goiás, recusou a proposta do relator para que abrisse mão dos seus sigilos bancário, fiscal e telefônico, deixando a decisão para a Comissão. Nesta quarta-feira (13), o governador Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, ofereceu seus sigilos à CPI, o que obrigou Perillo a repetir o mesmo gesto.

O governador goiano entrou em contato com o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE), que comunicou a decisão à CPI. Marconi Perillo perdeu a grande oportunidade de ter saído do depoimento ainda mais forte, caso tivesse aceitado de chofre a proposta do relator. É fato que ambos, Agnelo e Perillo, são testemunhas nesse processo, pois apenas porque o nome citado nas gravações da Polícia Federal, mas a quebra do sigilo minimizaria o viés político da Comissão, criada a partir de pressão do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, conhecido desafeto do goiano.

O mesmo espetáculo protagonizado pelos oposicionistas, durante o depoimento de Marconi Perillo, foi repetido pelos governistas, que dispararam salamaleques de todos os matizes na direção de Agnelo Queiroz. Esse jogo de cena por certo impressiona a sociedade, mas tudo não passa de uma operação orquestrada e previamente combinada nos bastidores da CPI, que cada vez mais se distancia do foco principal, que é investigar a teia de relacionamentos de Carlinhos Cachoeira e a atuação da Delta Construção no submundo do poder.

Será gasto muito dinheiro do contribuinte para manter essa farsa, que por questões óbvias terminará em nada. À CPI cabe apenas a tarefa de investigar, o que não significa que as investigações serão certeiras, e produzir um relatório final que possivelmente conterá sugestões ao Ministério Público, a quem caberá oferecer denúncia ou não.

Vergonhosa e literalmente politizada, a CPI é desnecessária, uma vez que a Justiça e a Polícia Federal já estão debruçadas sobre o caso. Lula, que nos bastidores continua tentando esvaziar o julgamento do Mensalão do PT, deu um doloroso tiro no pé ao incentivar a criação da Comissão, fato que a oposição aproveitou para revidar os ataques situacionistas. Quem bem conhece o cotidiano do poder sabe que política e corrupção, no Brasil, são irmãs siamesas. Qualquer tentativa de separação será algo parecido como extirpar um enorme câncer na veia aorta. Ou seja, o paciente está fadado a morrer. A melhor forma de acabar com a corrupção é votar de forma consciente e cobrar diuturnamente cada um dos eleitos.

Como sempre destaca o ucho.info, qualquer eleição custa muito dinheiro, valores que vão além da prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral. Por conta disso é que existe a sempre enlameada e putrefata contabilidade paralela, o famoso caixa 2, sempre alimentado por dinheiro advindo de propinas e negociatas.