CPI: ao rebater Collor, Rubens Bueno diz que tem medo dos que atacam a imprensa e o Ministério Público

Alça de mira – Líder do PPS na Câmara, o deputado federal Rubens Bueno (PR) fez, nesta quinta-feira (14), durante sessão da CPI do Cachoeira, um pronunciamento firme em defesa da liberdade de imprensa e da autonomia do Ministério Público. O parlamentar disse que tem “medo” daqueles que tramam contra as instituições. “Quero aqui confessar a esse plenário (CPI) que tenho medo, muito medo, daqueles que atentam contra a independência do Ministério Público, daqueles que atentam contra a liberdade de imprensa”, afirmou.

Minutos antes, o senador e ex-presidente da República, Fernando Collor (PTB-AL), tinha repetido o discurso recorrente contra o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, e a revista “Veja”.

Rubens Bueno disse que o estado de direito sempre é ameaçado quando a imprensa é atacada. “Investir contra a liberdade de imprensa é ir contra a democracia e a sociedade”, enfatizou.

Cavendish e Pagot

Sempre usando a palavra medo, Bueno revelou que também temia aqueles que colocam o Parlamento brasileiro sob o controle do Poder Executivo. Aí ele se referia à votação em massa da tropa de choque governista que fez com que a CPI adiasse a convocação de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), e Fernando Cavendish, dono da Delta Construção. A empreiteira, que até pouco tempo era a principal contratada pelo governo federal para as obras do PAC, está envolvida “até o pescoço com” com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira .

“Tenho medo dessa subalternidade. Precisamos usar nossa prerrogativa constitucional para investigar tudo e todos. Temos que cumprir esse papel. Hoje, esta Casa está em dívida com sociedade. Vamos lutar contra isso”, conclamou o líder do PPS.

A proposta de adiamento da convocação foi feita pelo relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG). Ele argumentou que os dados da Delta ainda não foram analisados e que, portanto, não há elementos para a convocação de Cavendish. Quanto a Pagot, o objetivo de Cunha está mais do que claro: o ex-diretor do Dnit é nitroglicerina pura contra o governo e já revelou o uso do Dnit para captar recursos para a campanha da presidente Dilma Rousseff.

“Não querem que ele venha aqui porque estão com medo que ele abra a boca, revele as negociatas do governo com a Delta, a construtora das obras do PAC. Pelo visto, a coisa é mais grave do que se imagina”, criticou Rubens Bueno.