CPI do Cachoeira: viés imobiliário das inquirições serve para ofuscar escândalos e proteger criminosos

Cortina de fumaça – Criada para investigar a relação do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos com políticos, autoridades e empresários, a CPI do Cachoeira tem o obscuro objetivo de garantir ao PT e à base aliada um ataque à oposição, em especial ao PSDB, que nas pesquisas de intenção de voto lidera a corrida à prefeitura paulistana, disputa que tem o petista Fernando Haddad como candidato imposto por Lula.

O segundo motivo que levou Lula a incentivar a criação da CPI foi o plano de esvaziar o julgamento do escândalo do Mensalão do PT, incursão que fracassou depois da chantagem contra o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

De tal modo, é notório que a CPI do Cachoeira vem fugindo do seu foco, que é esmiuçar os tentáculos do contraventor goiano. Para que essa falta de propósito fosse possível, os integrantes da CPI passaram a travar uma queda de braços que envolveu os governadores Marconi Perillo (GO) e Agnelo Queiroz (DF). Esse redemoinho que se formou girou em torno de transações imobiliárias de ambos.

Marconi Perillo vendeu uma casa situada em condomínio de luxo de Goiânia por R$ 1,4 milhão, tendo recebido como pagamento três cheques emitidos por uma empresa de confecções que legalmente não fez parte do negócio. Perillo, experiente que é, pois do contrário não teria conquistado três mandatos de governador, não se preocupou em saber quem era a empresa emitente dos cheques. O governador goiano declarou o valor da venda ao Imposto de Renda e alega que nada de ilegal existiu na transação.

De fato não há como apontar algum tipo de ilegalidade na transação, mas é preciso reconhecer que o governador displicente nesse caso, principalmente se considerarmos que em negócios desse vulto sempre é recomendável ter cautela.

Em outro ponto surge o petista Agnelo Queiroz, que comprou uma casa em condomínio de Brasília por R$ 400 mil, à época avaliada em R$ 2 milhões. O governador do Distrito Federal alega que usou recursos próprios e da esposa para comprar o imóvel, mas um assessor disse que Queiroz contraiu um empréstimo para tal.

Os parlamentares da base governista insistem em saber como a casa vendida por Perillo acabou se transformando no local em que Carlinhos Cachoeira foi preso pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo. Já os deputados e senadores da oposição cobram de Agnelo Queiroz explicações para esse milagre de comprar uma casa por 20% do seu valor.

Enquanto prevalece essa ridícula ciranda, que serve apenas como chumbo trocado, a CPI adiou a votação dos requerimentos de convocação de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do DNIT, e do empresário Fernando Cavendish, da Delta Construção. Essa postergação é explicada pelo temor diante do que Pagot pode revelar ao País, começando pela incumbência que recebeu de arrecadar doações para a campanha presidencial petista. Já o empresário Fernando Cavendish, além de ter doado dinheiro a várias campanhas, pode arrastar para o olho do furacao o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), do Rio de Janeiro, que conta coma proteção de parte do PT.

Em outras palavras, os brasileiros de bem que tomem os seus lugares à mesa, pois em breve será servida mais uma enorme e mal cheirosa pizza com a chancela do Congresso Nacional, que, dizem, defende os interesses dos cidadãos.