Dona Xepa, rogai por nós!

    (*) Marli Gonçalves –

    Parece que está havendo uma espécie de preparação para a adoção de um novo velho slogan, uma espécie de Ame-o ou Deixe-o versão Século XXI, com pretensões socialistas. Ligaram o “foderaizer” do país, a máquina de fazer malucos e soldadinhos de chumbo prontos a acenar com sim e marchar. E quem pensa “Comigo não, violão!” que se ligue.

    Olhem só que essa coisa de chamar imprensa de quarto poder, que eu também nunca confiei muito porque já cresci com a dita bem dura, está cada vez mais longe da real. Lembro-me de pequena ouvir meu pai falar que papel de jornal aceitava tudo quando ele lia as notícias tronchas que eram publicadas(as liberadas e as mandadas) naqueles tempos.Acabei virando jornalista, mas essa máxima nunca saiu de minha cabeça. A gente bate, bate, critica, informa, para nada. Parece que não adianta nada.

    A propósito, foi sintomático: essa semana encontrei duas pessoas importantes, em ocasiões e dias diferentes. Do tipo gente legal, que sabe das coisas, que trabalha e ganha bem do fruto de seu próprio trabalho, modernos, boa educação, família, etc. e tal. Achei muito louco que a conversa de cada um foi a mesma: a ideia e intenção de sair do país, assim que possível, morar fora, dar no pé. “Assim não dá. Assim não pode” – quase parafraseiam FHC.

    ÔPA,ÔPA,ÔPA, mas a coisa agora não deveria ser ao contrário? O país não está ma-ra-vi-lho-so, bem de vida, produtivo, deixando a Europa e os EUA de joelhos? Não está é um monte de gente voltando com o rabinho entre as pernas, para gastar o que não ganhou, trazendo os estrangeirinhos que cultivaram e tiveram?

    Que papo é esse? – quis saber, e os ouvi atentamente nesses dias que muitos de nós, ainda pensantes, resistentes, tiveram engulhos de ver umas certas fotos de confraternizações de alhos e bugalhos sorrindo e pisando em flores nos jardins de malufs, ouvir umas outras tantas coisas, ver quem está casando com quem para se eleger. Depois de ver como a imprensa aceita tudo: de uma ninja que corta uma cabeça viva, como declara um legista aparecido, a declaração de secretário que diz que não, não é arrastão a onda de arrastões que vêm ocorrendo em São Paulo. Teria outro nome. Ele, inclusive, também vem sendo chamado por um outro nome.

    Prefiro não comentar, abafa o caso.

    Lula, que estaria curado milagrosamente em poucos meses, não pode falar, por ordens médicas, conforme publicam as colunas, e teria passado a se comunicar por escrito com seus assessores. Será que isso pode explicar os erros crassos que anda cometendo? Não estariam entendendo as suas garatujas?

    Candidato resolveu se apegar a dizer que é o “novo”. Que mané novo? Apresentando o quê? Com a política do muito velho? Esquerda-direita, volver? Super novo, mesmo. Ora com Maluf. Ora com Luiza Erundina ( de quem gosto muito, mas que não é exatamente contemporânea). Ora com Netinho? (Já estou separando aqui a foto da ex-esposa espancada para ativar a memória dos meus queridos). Não é mesmo um palanque de calouros?

    Os amigos que querem ir embora sem apagar a luz apenas ponderavam sobre o que observam, e sem ativismos políticos, posso garantir. Não querem convencer ninguém, apenas disseram não suportar mais ver que andamos para trás. Não querem os filhos apavorados, com educação deficiente.Não querem ostentar, mas também não querem eles próprios estar aterrorizados. Como não podem usufruir do que têm? Como precisam andar em verdadeiros tanques blindados, quando prefeririam conversíveis ou motos? Como não podem usar seus brinquedinhos, relógios, celulares, tablets? De que vale o avanço tecnológico?

    Há no ar um certo embate surreal rico-pobre, luta de classes, oprimidos e opressores, endossado por gente que ouviu cantar o galo mas não sabe bem onde foi que ele cocoricou. Já li até um que se autointitula “crítico do capitalismo”. Podia mandar fazer um cartão de visitas.

    Há no ar um descrédito, que pode levar a que a toda a falação a respeito de cidadania perca a importância. A começar pela falta de gentileza distribuída aos tapas. Falta de gentileza gera um passando em cima do outro, jogando lixo, buzinando, roubando, subtraindo, dividindo, sem somar ou multiplicar. Por conta de um novo ufanismo, de gaveta? O que exatamente está tão bom para valer tanta pressão para alastrar pelo país inteiro?

    Lembrei-me de Dona Xepa que, na história, mulher simples, trabalha duro na feira, e tudo o que ganha é para ajudar seus dois filhos a estudar. Mas, na medida que eles “sobem na vida”, a renegam e barbarizam.

    Mas, mais do que isso, antes lembrei mesmo foi da xepa, do fim de feira, da miséria nas ruas, das terras que a mão de Deus abençoou…

    O pior: o cerco está apertando. E eu não quero sair daqui. E você?

    …”As noites do Brasil tem mais beleza/A hora chora de tristeza e dor/Porque a natureza sopra/ E ela vai-se embora, enquanto eu planto amor”…

    São Paulo, e a luz do aeroporto já nem precisa mais ser apagada, 2012

    (*) Marli Gonçalves é jornalista- De toda essa história de Maluf (Urghh) para lá e para cá me restou uma dúvida daquelas. O minuto e meio de tevê que o “novo” ganhou, ok? Mas quem disse que isso vai virar voto? Ainda acho que esqueceram de combinar alguma coisa com o goleiro. E com os russos.

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