Conselho de Ética do Senado aprova por unanimidade relatório que pede a cassação de Demóstenes Torres

Cerco fechado – Por quinze votos a favor e nenhum contra, o Conselho de Ética do Senado aprovou o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE), que em seu parecer recomendou a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres, investigado pelo colegiado por sua ligação com o contraventor goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Para que a perda de mandato se consume, o processo precisa ser analisado pela Comissão de Justiça e em seguida ir à votação no plenário do Senado. Tendo como defensor o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, o senador Demóstenes aposta em eventual absolvição no plenário, uma vez que os votos são fechados.

Há nos bastidores do Senado uma preocupação cada vez maior com possibilidade de o plenário rejeitar o relatório do senador Humberto Costa, o que livraria o acusado. O advogado do senador disse que seu cliente foi alvo de um “massacre” e de “vazamento criminoso” das gravações da Polícia Federal, que apontaram uma ligação entre o senador e Cachoeira. “Os vazamentos foram um massacre à pessoa de um senador. […] O vazamento foi criminoso, covarde e foi direcionado”, disse Kakay no tempo que teve para defender Demóstenes Torres no Conselho de Ética.

No relatório de 79 páginas, cuja leitura consumiu cerca de três horas, o senador petista recomendou a cassação com frases contundentes “Estamos diante de, lamentavelmente, um mandato parlamentar corrompido. […] Afirmo, sem tergiversar, que o senador Demóstenes Torres teve um comportamento incompatível com o decoro parlamentar: percebeu vantagens indevidas e praticou irregularidades graves no desempenho do mandato”, escreveu Humberto Costa.

O que não se pode esquecer é que muitos companheiros de Humberto Costa, envolvidos no escândalo que ficou nacionalmente conhecido como Mensalão do PT, corromperam de igual modo os respectivos mandatos, o que configurou comportamento incompatível com o decoro parlamentares. Mesmo assim, o ex-presidente Lula continua tentando esvaziar no STF o julgamento do caso do mensalão.