Face lenhosa – Crime é crime, não importa quando foi cometido e tampouco a extensão do delito e do dano. Em outras palavras, não importa se o meliante rouba uma granja inteira ou uma coxinha na padaria da esquina. Mesmo assim, o pensamento do relator da CPI do Cachoeira, o obediente e ilógico deputado federal Odair Cunha (PT-MG), caminha em direção contrária.
Após o PT e a base aliada protegerem de forma vexatória o jornalista Luiz Carlos Bordoni, que durante depoimento à CPI, na quarta-feira (27), disse ter recebido “dinheiro sujo” da campanha do agora governador Marconi Perillo (PSDB), Odair Cunha ousou dizer que tal declaração evidenciava um fato grave. A existência de uma rede de abastecimento financeiro ligada ao contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
É sabido por todos que a ordem do ex-presidente é para que Perillo seja execrado publicamente, mas a obediência do relator chega a provocar náuseas, não sem antes o seu total desconhecimento da história irritar o mais ingênuo dos cidadãos.
Odair Cunha pode dizer o que bem entender, até porque o PT ainda não conseguiu finalizar o seu projeto de poder e instalar no Brasil uma ditadura civil, mas é preciso lembrar que, por ocasião da CPI dos Correios, o marqueteiro Duda Mendonça confirmou sem titubear que recebeu em uma conta bancária no exterior, em nome da “off shore” Düsseldorf, parte dos honorários relativos aos serviços prestados à campanha presidencial petista de 2002. Isso mostra que o dinheiro tinha origem duvidosa, pois passou pelo esquema criminoso montado e gerenciado pelo publicitário Marcos Valério.
Lula, que insiste em dizer que à época a oposição tentou um golpe, só não foi alvo de impeachment porque seus adversários foram fracos e a Justiça Eleitoral inoperante. E o espetáculo protagonizado por Odair Cunha só não é mais ridículo por falta de competência.