Livro ensina como viver em São Paulo sem carro

A pé e feliz – O jornalista Leão Serva lançará um livro a todos que acham impossível viver na capital paulista sem ter um carro. A publicação, cujo título é “Como Viver em São Paulo Sem Carro”, conta a história de 12 pessoas que abandonaram este meio de transporte.

Entre os entrevistados está o ex-jogador de futebol Raí, um dos que contaram a experiência de viver em São Paulo sem o carro. Desde 2008, ele se locomove a pé, de bicicleta, de metrô e de táxi.

“Eu sou mais feliz desde que parei de guiar. Eu sou mais leve, não tenho de me preocupar onde parar o carro, não penso em multas. Na hora do congestionamento falo no celular e ouço música”, diz Raí.

O ex-jogador não é o único famoso que optou por alternativas mais sustentáveis, a VJ Jana Rosa da MTV também é um exemplo de pessoa que mora perto do trabalho para não enfrentar o trânsito. “Acho gostoso pôr a mochila nas costas e ir a pé. Acho isso moderno”, afirmou.

A escritora e autora de novelas Maria Adelaide Amaral também prefere andar a pé. É possível encontrá-la visitando sebos de livros no Centro e cinemas na região da Avenida Paulista. “Gosto muitíssimo de caminhar em cemitérios, especialmente o Araçá, onde colhi uma grande parte de material para o romance ‘Aos Meus Amigos’, e o da Consolação, onde costumo visitar os túmulos de Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Monteiro Lobato”, conta.

Há tempos a situação do trânsito na cidade de São Paulo está caótica. Moradores de diversos lugares do estado atravessam a cidade diariamente. O longo percurso se dá, principalmente, pela concentração de empregos na metrópole. A Cidade Tiradentes, no extremo Leste, é um exemplo. Há 220 mil habitantes e três mil vagas de emprego, enquanto no Centro há 206 mil empregos e 70 mil habitantes.

No entanto, o cenário está mudando e cada vez mais pessoas buscam habitar o centro de São Paulo. O idealizador do livro, Alexandre Lafer Frankel, afirma que grandes cidades vivem essa transformação. É o novo conceito da “cidade compacta”, onde as pessoas moram perto do trabalho, do lazer e do comércio. Os dados da capital mostram que quatro milhões de paulistanos gastam em média 90 minutos para ir e voltar do trabalho.

O livro mostra que atualmente uma casa popular no Centro custa menos do que na periferia. Os cálculos foram feitos pelo secretário municipal de Habitação da capital, Ricardo Pereira Leite.

Isso ocorre devido ao investimento do poder público necessário para criar uma infraestrutura em bairros distantes, como investimento em hospitais, escolas, terminais de ônibus, água encanada e esgoto. Totalizando, o custo de uma habitação nestes locais é de R$ 141.350.

Já no Centro de São Paulo o gasto é de R$ 131,2 mil, pois a região já conta com infraestrutura adequada. “Em outras palavras, uma casa popular na periferia custa mais do que no Centro. E o mesmo ocorre com as casas de classe média alta. Embora os subsídios públicos sejam menores no custo direto, os condomínios dos subúrbios ricos impõem aos governos a necessidade de criar ou aumentar a infraestrutura viária”, afirma o autor.

No livro, os entrevistados ainda contam quais são seus endereços preferidos para visitar a pé, de bicicleta ou com transporte público. Os textos são do jornalista Leão Serva, fotos de Claudio Edinger e ilustrações de Eva Uviedo. O lançamento da obra será na próxima quinta (5) às 20h, no Restaurante Spot. (Do CicloVivo com informações do Diário de S. Paulo)