Posições contrárias – Quando o assunto é o uso de tablets na educação, opiniões contrárias separam o criador de uma das maiores empresas de tecnologia do planeta, Bill Gates, e um dos mais reconhecidos filósofos da informação em atividade, Pierre Lèvy.
Em entrevista à Chronicle of Higher Education, o empresário Bill Gates, para quem os tablets em nada ajudam na educação, disse que aparelhos como o iPad não atendem às necessidades dos alunos. A principal crítica do dono da Microsoft é o fato de que “você realmente tem que mudar o currículo e o professor” para adaptá-los à tecnologia.
No contraponto, Pierre Lévy, que esteve em Brasília para participar do 5º Congresso Internacional da Rede católica de Educação, acredita de tal maneira nos tablets que os classifica como substitutos dos livros didáticos e dos cadernos. “A priori, eu diria que é importante ensinar a escrever à mão”, considerou ele, que é professor da Universidade de Ottawa (Canadá). “É importante manter isso assim como fazer o cálculo mental, apesar de todo mundo ter calculadora”, afirma Lévy, professor da Universidade de Ottawa, no Canadá. “É importante manter isso assim como fazer o cálculo mental, apesar de todo mundo ter calculadora”, completa.
No outro vértice da discussão ressurge Bill Gates, que discorda do filósofo e acredita que “isso nunca vai funcionar em um dispositivo em que você não tem uma entrada para teclado. Quero dizer, os alunos não estão lá apenas para ler as coisas – eles deveriam realmente ser capazes de escrever e comunicar”.
Contudo, Gates e Lévy concordam em um ponto: a necessidade de se trabalhar com mais ímpeto com as chamadas políticas de inclusão digital, para que cada vez mais um número maior de alunos tenha acesso a esses equipamentos que se tornaram verdadeira febre mundial.
O lado perverso da tecnologia
Estar conectado tornou-se uma quase obrigação para quem deseja se inteirar em tempo quase real dos últimos acontecimentos. Se por um lado os tablets permitem acesso à informação com mobilidade, por outro servem para, em alguns casos, interferir negativamente no aprendizado do aluno, dependendo da faixa etária dos mesmos.
Em São Paulo, maior cidade brasileira, o diretor pedagógico de uma das mais conceituadas escolas paulistanas conversou com a reportagem do ucho.info sobre o uso de tablets e pelos alunos do ensino médio. A escola em questão já disponibiliza tablets para que os alunos consigam acompanhar a matéria ministrada na sala de aula, que contam com lousas digitais, mas o uso desses equipamentos para atividades extras tem comprometido a capacidade de assimilação dos adolescentes.
Uma pesquisa apontou que as principais vítimas desses equipamentos são as meninas, que de forma quase obsessiva trocam mensagens instantâneas por meio dos smartphones e postam algum tipo de informação nas redes sociais através dos tablets, muitas vezes durante a aula. A escola montou um esquema especial para coibir esse tipo de abuso, mas mesmo assim alguns alunos conseguem burlar as regras.
De acordo com o levantamento, mais de 60% desses adolescentes têm algum tipo de problema decorrente do uso indevido desses aparelhos, que na maioria das vezes atrapalha o aprendizado. Outra questão relacionada aos tablets e smartphones são as noites mal dormidas. Muitos adolescentes vão para a cama com os equipamentos e acabam entrando pela madrugada trocando e postando mensagens. No dia seguinte, a capacidade de atenção na sala de aula está comprometida.