A sorte está lançada – A Comissão de Constituição e Justiça do Senado considerou, por unanimidade, constitucional o processo de cassação de mandato a que responde o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), acusado de envolvimento com o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Os senadores da CCJ entenderam que o processo atende ao regimento interno do Senado.
Vencida mais essa etapa, o processo deve ir a votação em plenário na próxima quarta-feira (11). Com a decisão da CCJ, a tendência aparente é que Demóstenes perderá o mandato parlamentar, mas é importante frisar que mesmo a sessão sendo aberta, a votação será secreta. Na contabilidade do senador goiano, inicialmente trinta pares votariam a seu favor, mas esse número hipotético caiu para vinte nos últimos dias.
Por outro lado, não se deve desconsiderar o fato que Carlinhos Cachoeira, que está preso no complexo prisional da Papuda, em Brasília, tem muita munição e deve revelar mais algumas provas nos próximos dias. Com a possibilidade de novos nomes surgirem na órbita do esquema criminoso comandado pelo contraventor goiano, não é ilógico apostar na absolvição de Demóstenes Torres, que mesmo derrotado poderá recorrer ao Supremo Tribunal Federal, onde arguirá o mérito do processo em questão, uma vez que as provas colhidas pela Polícia Federal são tecnicamente inválidas.
No caso de cassação, Demóstenes deixará o Senado debaixo de um rumoroso escândalo de corrupção, que ainda pode fazer muitas vítimas. E Demóstenes, é bom que se diga, não cairá sozinho, apesar do comportamento quase franciscano adotado pelo senador nas últimas semanas.