Mantega reúne-se com empresários em SP, destila incompetência e abusa do discurso pronto

Passando recibo – Em meados de 2011, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que o Brasil passaria ao largo da crise econômica internacional que há muito chacoalha a União Europeia. Em seguida, a presidente Dilma Rousseff endossou as palavras do assessor, como se escapar de uma crise mundial dependesse apenas de palavrório oficial. Com o fraco desempenho do PIB no ano passado, que mereceu o apelido galhofeiro de “pibinho”, restou ao Palácio do Planalto anunciar a adoção de medidas isoladas, as quais sequer foram percebidas pelos empresários e pela população.

Diante da inocuidade das medidas, o governo apelou para pacotes de medidas pontuais, que, como disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, é o mesmo que “tomar aspirina para tratar um câncer”. Com as seguidas quedas da atividade industrial brasileira e a insistentes reduções das previsões para a economia em 2012, Dilma, que acredita ter uma varinha de condão, resolveu partir para cima dos bancos, deles exigindo a imediata redução das taxas de juro ao consumidor. Ou seja, sem saber como resolver o nó da economia, a presidente partiu para intervir no mercado financeiro, o que em qualquer país sério é considerado um ato ditatorial.

Com os empresários aterrissando em Brasília para uma chiadeira quase generalizada, mais uma vez o governo anunciou medidas, que segundo Mantega teriam efeito em até seis meses. Com novo resultado desanimador da economia, o ministro mudou o discurso e disse que as medidas são de longo prazo. Ou seja, Guido Mantega não sustenta o que fala.

Nesta quarta-feira (4), ao participar de evento com empresários na Fiesp, o ministro da Fazenda mais uma vez camuflou a própria incompetência pressionando os banqueiros, de quem cobrou o aumento do crédito e a redução dos spreads bancários. Mantega aproveitou a oportunidade e estocou os empresários. “É preciso que o setor empresarial desperte seu espírito animal e faça os investimentos, pois quem sai na frente tem vantagens”, disse o titular da Fazenda.

Em relação aos bancos, a posição do setor é de extremo cuidado quando o assunto é concessão de crédito, pois a onda irresponsável de consumo incentivada por Lula gerou níveis recordes de inadimplência, tema que em dezembro de 2008 mereceu alerta do ucho.info. Presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal justificou o temor do setor financeiro alegando que a instituição que comanda já contabiliza uma perda de R$ 18 bilhões por conta de calotes somente neste ano.

Representando o setor produtivo, o presidente da Nestlé, Ivan Zurita, criticou com razão a alta carga tributária, o que deixou Mantega desconcertado. Zurita lembrou que metade do preço de uma garrafa de água é de tributos. Sem saber como explicar o inexplicável, o ministro disse que “a Nestlé tem no Brasil o segundo maior mercado mundial e significa que deve ter lucrado bastante”.

Mantega, assim como um sem fim de esquerdistas obtusos e ultrapassados, creem que o setor empresarial deve investir aos bolhões e comprometer as margens de lucro apenas porque o governo é repleto de incompetentes que se especializaram em discursos embusteiros.

O clima de discórdia que marcou o seminário na Fiesp deixa claro que a bolha de virtuosismo lançada por Lula serviu para manter em alta sua popularidade e garantir a eleição de Dilma Rousseff, que sofre os efeitos da herança maldita deixada pelo antecessor.