Governo cobra investimentos, mas brasileiros já compram feijão preto e bíblia da China

Sem saída – Certa vez, abusando do seu conhecido e falso messianismo, Luiz Inácio da Silva, à época presidente da República, disse que considerava a economia da China como sendo de mercado. Uma enorme sandice discursiva, pois era sabido desde então que a invasão chinesa seria desastrosa para a indústria brasileira.

Inicialmente restrito a tecidos, confecções e eletrônicos pirateados de qualidade duvidosa, o movimento vindo da China ganhou força com o passar dos anos e de forma contínua foi destruindo a indústria nacional. O governo brasileiro tentou evitar esse atropelamento, mas os chineses utilizaram alguns países sul-americanos para continuar a invasão. O resultado, desastroso, diga-se de passagem, está traduzido em números, os quais mostram um cenário cada vez mais preocupante.

Se no começo essa invasão resumia-se a determinados grupos de produtos, como mencionado acima, agora a situação é diferente e muito mais grave. Da China os brasileiros compram de tudo um pouco, inclusive feijão preto e bíblias.

Na quarta-feira (4), durante encontro com empresários na Fiesp, em São Paulo, o ministro Guido Mantega disse que “é preciso que o setor empresarial desperte seu espírito animal e faça os investimentos, pois quem sai na frente tem vantagens”. Discurso fácil e barato de alguém que tem provado a própria incompetência em seguidas ocasiões. Falar em investimentos no Brasil é no mínimo uma brincadeira de péssimo gosto, pois o governo continua imóvel diante da necessidade de mudanças estruturais e definitivas na economia, a começar pela redução da carga tributária.

Em 2005, o ucho.info alertou para o perigo do processo de desindustrialização no País, algo que não preocupou as autoridades palacianas e pode ser facilmente comprovado através da situação de penúria que enfrenta diversos setores produtivos. Quatro anos antes, em 2001, portanto há mais de uma década, este site chamou a atenção para a desnacionalização da indústria brasileira. Àquela época, a nossa primeira reportagem teve como foco as editoras de livros didáticos, em sua maioria nas mãos de empresas estrangeiras, o que facilita o processo de alienação da sociedade a partir do conteúdo do ensino.

Na sequência o nosso alerta foi na direção das universidades, muitas delas compradas por poderosos grupos estrangeiros, alguns deles alavancados por fundos de investimentos sediados em paraísos fiscais. Nos capítulos seguintes foram arrebatadas empresas de outros setores, como as de produção e distribuição de alimentos. Ou seja, a sociedade brasileira caiu nas mãos dos estrangeiros, sem chance de escapar dessa armadilha perigosa advinda da chamada globalização.