HSBC é acusado nos EUA de lavar dinheiro de cartéis mexicanos e do terrorismo‎

Alça de mira – O banco britânico HSBC expôs o sistema financeiro dos Estados Unidos a uma ampla rede de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e financiamento de terroristas devido ao seu fraco sistema de controle, diz um relatório do Senado dos Estados Unidos que investigou as filias do banco no país por um ano.

Executivos do banco devem responder às acusações nesta terça-feira (17/07) em uma audiência perante o Comitê Permanente de Investigações do órgão norte-americano, responsável pela produção do documento de mais de 300 páginas que foi divulgado nesta segunda-feira (16/07).

As investigações do Senado reforçam as suspeitas de envolvimento do HSBC com redes de lavagem de dinheiro dos cartéis mexicanos e introduzem novas acusações quanto possíveis vínculos com bancos sauditas e bengaleses como também com contas iranianas, rompendo com diversas sanções estabelecidas pelo governo dos EUA.

“Em uma época de terrorismo internacional, de violência relacionada às drogas nas nossas ruas e fronteiras e crime organizado, parar com fluxos de dinheiro ilícito vinculados a essas atrocidades é um imperativo da segurança nacional”, afirmou o senador Carl Levin, presidente do Comitê.

Cartéis mexicanos

O HSBC continuou a realizar negócios com casas de câmbio mexicanas apesar das crescentes suspeitas de que estariam ligadas à lavagem de dinheiro do narcotráfico, enquanto outros bancos pararam de se relacionar com essas instituições. O banco “não tomou medidas decisivas para enfrentar essas filiais e colocar um fim à conduta”, disse o documento.

Segundo o relatório, o negócio mexicano possuía uma filial nas Ilhas Cayman que mesmo movimentando 2,1 bilhões de dólares em apenas um ano, não possuía funcionários nem escritório. O documento também aponta que unidades do banco nos EUA receberam sete bilhões de dólares das casas transportados por aviões ou carros durante os anos de 2007 e 2008.

Desrespeito a sanções

O Senado também denunciou o banco por movimentar dinheiro vinculado ao Irã e a Cuba, ambos sancionados pelos EUA. Para burlar as regras norte-americanas, o HSBC apagou todas as referências das transações de seus registros, explicou o jornal britânico The Telegraph.

Acredita-se que mais de 28 mil transações irregulares foram realizadas pelo HSBC durante o período de 2001 a 2008. O Irã estaria envolvido em 25 mil dessas movimentações que envolveram cerca de 19,4 bilhões de dólares, informou o jornal britânico The Guardian.

O HSBC providenciou dólares e serviços bancários a bancos da Arábia Saudita e de Bangladesh, suspeitos de financiarem organizações terroristas.

Em um dos casos descritos no relatório, o Al Rajhi Bank, instituição saudita suspeita de financiar a Al-Qaeda, ameaçou retirar todos os seus investimentos do HSBC em 2006 caso não recuperasse acesso à transação em massa. Um executivo do HSBC argumentou que o banco deveria retomar os negócios com o saudita, informou o diário norte-americano The New York Times.

Em outro exemplo de negociações ilícitas travadas pelo banco britânico, o relatório informa que o HSBC lavou 290 milhões de dólares durante quatro anos por meio do envio de cheques para um banco japonês. Segundo o britânico The Guardian, esta transação deve ter beneficiado russos envolvidos no negócio de carros usados.

A falta de controle dos EUA

O Comitê do Senado também criticou o papel dos órgãos de controle das instituições financeiras nos EUA. “O escritório regulador do banco federal, o OCC (Escritório de Controle da Moeda), tolerou o fraco sistema contra lavagem de dinheiro do HSBC por anos”, disse o senador Carl Levin, presidente do Comitê. “Se um banco internacional não vai policiar as suas próprias filiais para parar de dinheiro ilícito, as agências reguladoras devem considerar a possibilidade de revogar a carta do banco dos EUA sendo usada para ajudar e estimular este dinheiro ilícito”, criticou.

Esta não é a primeira vez, no entanto, que investigações comprovam a relação de uma relevante instituição financeira com o crime organizado. Em um escândalo de 2007, ficou conhecido que um dos maiores bancos dos EUA, o Wachovia (filiado, atualmente, ao Wells Fargo) lavou 378,4 bilhões de dólares do narcotráfico – quantia equivalente a um terço do PIB do México – por meio de transações financeiras com casas de cambio mexicanas.

Caso recente com banqueiro brasileiro

Não faz muito tempo, um banqueiro brasileiro que atuava em Nova York com certa desenvoltura acabou na mira das autoridades ianques. Acusado de lavar dinheiro para o cartel de Cali (Colômbia) e receber em seus cofres barras de ouro desviadas do tesouro soviético, por ocasião do desmonte da então maior potência comunista, o tal banqueiro preferiu vender sua instituição a um grupo, o que lhe rendeu alguns bons punhados de dólares.

Investigado à exaustão pelo meteórico crescimento do banco e a um passo de ser julgado e condenado, o culminaria com pena de prisão por pelo menos três crimes – associação ao tráfico, lavagem de dinheiro e conspiração contra o Estado (crime previsto na legislação ianque) – o banqueiro preferiu se valer de um enredo típico de filme de ação e encenou a própria morte, que por questões óbvias foi oficializada, pois quando o dinheiro ronca mais grosso muitas transgressões são possíveis temporariamente.

O ucho.info investigou a fundo o caso e seu editor chegou a ser ameaçado por grupos de seguranças internacionais, pois noticiamos, com base em dados reais, que nem a própria família do tal banqueiro acreditava em sua morte, assunto que nas rodas de parentes tornou-se proibido. (Do ucho.info com informações do Opera Mundi)