Autoridades já arrumaram um motivo para a morte do policial que participou da Monte Carlo

Desfecho encomendado – Como se fosse enredo de filme de ação, a morte de Wilton Tapajós Macedo, agente da Polícia Federal assassinado na última terça-feira (17) em um cemitério do Distrito Federal, já ganhou uma versão arranjada.

Tapajós, que participou das investigações da Operação Monte Carlo e também da CPI da Pedofilia, teria, segundo informações, dívidas que exigem que a investigação siga a linha de crime cometido a mando de cobradores.

Como sempre acontece nos regimes totalitaristas, a verdade sempre é esculpida para atender aos interesses dos donos do poder. E no caso do agente da PT a sequência dos fatos não será diferente. Creditar a morte de Tapajós a dívidas é no mínimo uma irresponsabilidade, pois é sabido que há por trás desse crime interesses maiores.

Enquanto a PT tenta, sob o manto da Constituição, ser uma polícia de Estado, o PT tenta transformar a instituição em uma polícia de governo. É verdade que há na Polícia Federal inúmeros policiais qualificados e honrados, mas não é preciso revirar demais a história para saber como age o Palácio do Planalto quando seus interesses são contrariados.

Receita conhecida

Em 2004, quando deveria estar acompanhando a campanha de Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo, o marqueteiro Duda Mendonça foi preso em uma rinha de galos em Jacarepaguá, na Zona Oeste da capital fluminense. Tão logo chegou à sede da Política Federal, no centro da cidade do Rio de Janeiro, Duda telefonou para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

A partir daquele telefonema, os corajosos delegados Antônio Carlos Rayol e Lorenzo Pompílio da Hora, que comandara a operação que culminou com a prisão do marqueteiro, passaram a sofrer perseguições e foram afastados de suas funções. Ambos, Rayol e Lorenzo, concederam entrevista longa e reveladora ao ucho.info, o que reforçou a perseguição. Na sequência, os dois delegados federais foram alvo de processos administrativos, sendo que ao editor deste site coube o dever de defendê-los em todas as instâncias, pois contrariar os donos do poder é tarefa para poucos.

No escândalo do Dossiê Cuiabá, conjunto de documentos apócrifos contra os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, ambos candidatos em 2006, o delegado federal que prendeu os petistas com R$ 1,7 milhão em dinheiro, sem procedência comprovada, também foi afastado do comando das investigações, apenas porque, na opinião dos palacianos, efetuou prisões indevidas. Lula negou conhecer o assunto, o caso caiu no esquecimento e os chamados “alorpados” estão soltos e aproveitando a vida.

No caso do assassinato do ex-prefeito Celso Daniel, de Santo André, cuja morte se deu porque ele sabia demais, muitos foram os assassinatos ocorridos após o escândalo vir à tona. No total, sete pessoas foram mortas, sendo que uma delas em situação estranha e até hoje não esclarecida. O médico-legista Carlos Delmonte Printes, que participou da autópsia de Celso Daniel, foi encontrado morto no final da tarde de 12 de outubro de 2005, em seu escritório localizado na Zona Sul da capital paulista. Delmonte sabia exatamente como se deu a morte de Celso Daniel, com direito a requintes de crueldade que remontam à Idade Média e cujos detalhes foram repassados ao ucho.info.

Wilton Tapajós Macedo morreu porque sabia muito além do que os palacianos gostariam. Ter participado da Operação Monte Carlo e investigado além do alvo determinado pelos donos do poder foi sua sentença de morte. Alegar que o crime ocorreu na esteira de dívidas é querer imaginar que no Brasil todos estão em dia com suas obrigações financeiras.