Acusação contra a mulher de Cachoeira deixa dúvidas e serve como fumaça para o mensalão

Ponto cego – O mais novo episódio do escândalo Cachoeira é a detenção da mulher do contraventor goiano, Andressa Mendonça, que na manhã desta segunda-feira (30) foi levada à Polícia Federal, em Goiânia, para depor sobre uma eventual tentativa de chantagem contra o juiz federal Alderico Santos, responsável pelo processo decorrente da Operação Monte Carlo.

Após o depoimento, Andressa Mendonça foi liberada, mas terá de pagar fiança no valor de R$ 100 mil e está proibida de visitar o marido, preso desde o dia 29 de fevereiro passado. De acordo com a PF, o juiz Alderico Santos foi procurado por Andressa, que teria falado sobre eventual dossiê contra o magistrado, cuja não publicação estaria condicionada a um alvará de soltura em favor do contraventor.

A notícia sobre essa suposta tentativa de chantagem surge a alguns dias do julgamento do caso do Mensalão do PT, assunto que a cúpula petista prefere ver cada vez menos na imprensa. Para tal, a criação de factóides é a saída que resta aos que continuam insistindo na tese de que o mensalão foi inventado por Roberto Jefferson e pelos adversários do Palácio do Planalto.

O juiz afirmou que foi chantageado por Andressa Mendonça, mas é preciso saber como a mulher do bicheiro foi recebida e se a conversa foi gravada, já que em dado momento a única testemunha deixou o recinto do encontro, a pedido. Segundo Alderico Santos, a mulher de Cachoeira teria citado alguns nomes, por ela anotados em um papel. O juiz alega ter enviado ao Ministério Público o tal papel com a letra de Andressa e imagens de sua entrada e saída no prédio da Justiça Federal, o que não configura tentativa de chantagem.

Não se trata de duvidar da idoneidade do magistrado, mas apenas de analisar o caso sob a ótica do Direito. Do contrário prevalecerá a dúvida, que em tese beneficia a ré, que por enquanto está na condição de suspeita.