Acusação contra mulher de Carlinhos Cachoeira precisa de provas, sob pena de cair no descrédito

Quebra-cabeça – Quando, na edição de segunda-feira (30), o ucho.info afirmou que a acusação de chantagem contra o juiz federal Alderico Rocha Santos, supostamente praticada por Andressa Mendonça não se sustentava, muitos foram os que reagiram contra, mas em Direito Penal o que prevalece é a prova, por maior que seja a fé pública de um magistrado. Diferentemente do que ocorre em outros países, não é costume no Brasil juízes receberem em audiência as partes de um processo ou pessoas a elas ligadas, como é o caso de Andressa, mulher de Carlinhos Cachoeira.

Como citado na matéria anterior, não se trata de colocar em xeque a honestidade do juiz Alderico Rocha Santos, mas de reconhecer que qualquer pleito de Andressa Mendonça deveria ser feito por advogado, respeitando o rito processual. Ao concordar que a testemunha deixasse o seu gabinete, o juiz permitiu que a suposta tentativa de chantagem se recobrisse de dúvidas. Como a conversa não foi gravada, é temerário afirmar que a mulher do contraventor tentou chantagear o juiz Alderico Santos.

De igual modo se precipitam os procuradores Marcelo Ribeiro, Daniel de Resende Salgado e Léa Batista, do Ministério Público Federal de Goiás, que acusam Andressa Mendonça de ser porta-voz do grupo criminoso comandado por Cachoeira e de ter afrontado o estado democrático.

Não se pode falar em estado democrático quando se acusa alguém apenas com base em suposições e relatos de terceiros. Como citamos anteriormente e na edição de segunda-feira, a questão não é duvidar da palavra do juiz alvo da suposta tentativa de chantagem, mas de cobrar provas da acusação que está sendo mantida.

A situação de precariedade da acusação, pelo menos por enquanto, ganha força no fato de o assunto ter vindo à tona dias antes do julgamento do Mensalão do PT e após a fracassada tentativa de comprometer o ministro Gilmar Mendes, do STF, que de forma amadora e criminosa teve o nome incluído em uma lista de pessoas que supostamente receberam propina do publicitário mineiro Marcos Valério.

Sorrateira e infantil, a manobra surge no rastro do desespero petista e mostra o amadorismo de quem pilotou a operação, cujo objetivo era complicar o ministro Gilmar Mendes, que acusou Lula de ter lhe sugerido o adiamento do julgamento do mensalão. Faltando poucas horas para o início do que promete ser o mais longo e polêmico julgamento do STF, muitas ações serão tentadas até a decisão final. E o Brasil que se prepare, pois em jogo está a manutenção do maior embuste da história política do País.