Primeiro-ministro sírio anuncia deserção e foge para a Jordânia, informa Al Jazeera

Saindo pela tangente – O primeiro-ministro sírio Riad Hiyab anunciou nesta segunda-feira (6) sua deserção do governo de Bashar al Assad apenas dois meses após tomar posse. Ao lado de sua família e de outros três ministros que o teriam acompanhado, ele estaria neste momento na Jordânia, segundo uma fonte governamental em Amã que pediu à agência Associated Press para não ser identificada. O governo sírio já confirmou que Hiyab foi destituído do cargo.

Segundo comunicado da TV catariana Al Jazeera, que leu um comunicado de Mohamed Otri, um suposto porta-voz de Hiyab, o ex-chefe de governo chamou o regime de “terrorista” e se uniu às forças rebeldes.

“Anuncio hoje minha deserção desse massacre e do regime terrorista, e declaro que me uni às fileiras da revolução da liberdade e da dignidade. Anuncio também que eu sou, a partir de hoje, um soldado nessa revolução abençoada”, disse o premiê, conforme o comunicado lido por seu porta-voz.

Os motivos alegados pelo premiê foram os “crimes de guerra” e o “genocídio” que, segundo ele, foram cometidos pelo regime.

As identidades dos demais ministros ainda permanecem desconhecidas. A agência France Presse fala na deserção de dois ministros além de Hiyab, juntamente com outros três oficiais do Exército.

A televisão estatal disse que Omar Ghalawanji, que era o vice-primeiro-ministro e também ministro da administração local, comandaria temporariamente um governo provisório.

Ahmad Kassim, representante do ELS (Exército Livre da Síria) também reforçou essa informação. “O ELS os ajudou a cruzar a fronteira. Agora estão em um local seguro, dentro do reino. Vários outros oficiais das forças armadas também desertaram e chegaram à Jordânia na noite passada”, acrescentou.

A deserção

A fuga do premiê foi, até o momento, a deserção de maior visibilidade do círculo político e militar de Assad. A deserção de Hijab segue a do general Manaf Tlas, há cerca de um mês, e de outros 30 generais sírios que já cruzaram a fronteira para a Turquia. No domingo, a televisão Al Arabiya relatou que um alto oficial da inteligência síria também havia desertado para a Jordânia.

Hiyab, um muçulmano sunita da província de Deir al Zor, também sunita, pertencia ao aparato do partido da situação, o Baath.

Assad havia apontado Hiyab, ex-ministro da Agricultura, como primeiro-ministro em junho, após as eleições parlamentares que vieram depois de quase um ano de protestos violentos contra o governo.

Horas antes, uma bomba explodiu na sede da TV estatal síria, deixando ao menos três feridos, segundo afirma a rede estatal britânica BBC.