Paciência zero – Os advogados que atuam no caso do Mensalão do PT (Ação Penal 470) cometeram o mesmo erro no primeiro dia do da fase dedicada à defesa dos réus. Insistiram na tese de que não houve compra de apoio parlamentar no Congresso Nacional. O que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal não é a cooptação de parlamentares por meio de mesadas, mas os crimes cometidos para que o esquema existisse, ou seja, os meios para a obtenção dos recursos financeiros.
Quando os advogados alegam que houve caixa 2 de campanha, os crimes cometidos para abastecer essa contabilidade paralela foram exatamente os mesmos. A insistência dos advogados nessa cantilena é tão mal vista pelos ministros do Supremo, que durante a sessão de segunda-feira (6) a paciência dos ministros foi pelos ares. Durante a defesa de José Genoíno, o entra e sai de magistrados foi grande. Na de Delúbio Soares, pelo menos dois deles foram flagrados cochilando: Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, o relator. O que significa que as defesas nada acrescentaram e que os ministros já têm opinião formada a respeito do caso.
Durante as sustentações orais, os defensores, como já era esperado, trataram de desqualificar as acusações da Procuradoria-Geral da República, mas os discursos proferidos até então não conseguiram desmontar deforma convincente e cabal a denúncia do procurador Roberto Gurgel. Se ao longo do período de defesa os advogados mantiverem o mesmo nível de desempenho apresentado até agora, o que pode ser interpretado como jogar a toalha, os mensaleiros que se preparem para a condenação.
Há quem garanta que o julgamento será eminentemente técnico, o que se espera da Corte, mas em xeque está a credibilidade do STF junto à opinião pública. Situação semelhante ocorreu durante o julgamento da Lei da Ficha Limpa, escandalosamente inconstitucional, mas que acabou aprovada no vácuo da pressão exercida pela sociedade. Em outras palavras, é grande a chance de faltar carcereiro.