Produção industrial alemã recua e cresce a preocupação com a crise econômica

Sinal de alerta – A produção industrial da Alemanha recuou em junho mais do que o esperado, afirmou o Ministério da Economia do país nesta quarta-feira (8), no mais recente sinal de que a crise da zona do euro está afetando a maior economia da Europa. No mesmo dia, a agência de classificação de risco Fitch manteve a nota da dívida do país em nível máximo (o triplo A), com perspectiva estável.

A produção na Alemanha caiu 0,9% em junho em comparação com o mês anterior, de acordo com dados ajustados sazonalmente, após ganho revisado de 1,7% de maio em relação a abril. A leitura ficou ligeiramente abaixo da estimativa em pesquisa da agência de notícias norte-americana Reuters feita com 36 economistas, que esperavam uma queda média de 0,8%.

O recuo deveu-se principalmente a uma queda de 1% na comparação mensal da produção manufatureira, a um recuo de 1,6% na produção de bens de capital e a um decréscimo de 0,9% na produção de bens de consumo. A produção de energia, que subiu 1,2%, foi o único ponto positivo nos dados ajustados.

“As perspectivas para a produção industrial continuam reduzidas por enquanto, dada a situação de encomendas mais fracas no momento”, disse o ministério em comunicado.

Na terça-feira (08/08), dados mostraram que as encomendas industriais alemãs caíram mais do que o esperado em junho devido tanto à demanda doméstica quanto à da zona do euro.

Os números desta quarta-feira acompanham a pesquisa Índice de Gerentes de Compra, divulgada na semana passada, segundo a qual o setor industrial da Alemanha contraiu-se em julho no ritmo mais rápido em mais de três anos.

Comércio exterior

O Destatis (Escritório Federal de Estatísticas) informou que as exportações da Alemanha caíram 1,5%, assim como as importações, que recuaram 3%. No entanto, em relação ao mês de junho do ano anterior, elas aumentaram em 7,4%, alcançando 94,6 bilhões de euros.

A maior parte das exportações alemãs em junho esteve voltada a seus parceiros da União Europeia (UE), com um volume de 53,6 bilhões de euros, o que representa um retrocesso anualizado de 0,5%.

Já as importações de produtos e serviços dos países da UE para a Alemanha cederam 1,4% em termos anualizados, a 49,3 bilhões de euros. O retrocesso nas exportações aos países da UE foi compensado pelo aumento de 19,8% das vendas a outros países, sobretudo a economias emergentes, que alcançaram 41,1 bilhões de euros.

Por outro lado, as importações desses países à Alemanha aumentaram 7,2% em termos anualizados, chegando a 27,5 bilhões de euros.

Nota da dívida

Apesar de ter mantido a nota alemã, a Fitch se disse preocupada com o agravamento da crise e admite até que, se o cenário piorar, a maior economia europeia pode entrar em recessão, citada pela agência Lusa.

A Fitch mostra-se preocupada com o impacto no país de “uma recessão significativamente mais profunda dos seus grandes parceiros comerciais da Zona do Euro”.

A discussão em torno de uma contribuição adicional para os fundos de resgate do euro também foi abordada pela Fitch, para quem um novo financiamento por parte da Alemanha “poderia empurrar o nível da dívida alemã acima de 90% do PIB, próximo do limite superior que a Fitch considera geralmente consistente com um rating AAA”, ou seja, colocaria pressão sobre a nota do país. (ucho.info, Opera Mundi e agências internacionais)