Relator condena empréstimo de Cachoeira à ex-mulher, mas esquece que Okamoto pagou contas de Lula

(Foto: Agência Brasil)
Óleo de peroba – Relator da CPI do Cachoeira, o deputado federal Odair Cunha (PT-MG) está cumprindo à risca as ordens dadas por Lula e José Dirceu, a quem interessa que a Comissão produza fumaça para tirar a atenção opinião pública, que no momento acompanha o julgamento do escândalo de corrupção que ficou nacionalmente conhecido como Mensalão do PT, tecnicamente batizado de Ação Penal 470.

Nesta quarta-feira (8), ao inquirir Andréa Aprígio, ex-mulher de Carlinhos Cachoeira, o relator misturou ironia com memória curta ao fazer acusações indevidas à depoente, que chegou ao Congresso Nacional munida de um habeas corpus que lhe garantia o direito de permanecer em silêncio. Mesmo assim, Andréa Aprígio decidiu responder a algumas questões.

Depois de participar de sessão que em sua maior parte foi secreta, a ex-mulher de Cachoeira deixou o Congresso na condição de investigada. “Ela entrou como testemunha e saiu como investigada”, disse o obediente Odair Cunha.

O deputado-relator, em dado momento, afirmou ser estranho o fato de um ex-marido, no caso Cachoeira, conceder um empréstimo à ex-mulher. Odair Cunha precisa compreender que esse tipo de relação, por mais estranha que possa parecer, acontece por causa dos mais variados motivos, especialmente quando os ex-cônjuges têm filhos. O deputado destacou que o contraventor goiano transferiu para Andréa Aprígio aproximadamente R$ 2 milhões e que, apesar de ser ex-mulher, ela ainda mantém cartão de crédito em conjunto com Cachoeira. Questionada sobre o assunto, Andréa invocou o direito de permanecer calada e não deu explicações. “O silêncio dela pode ter sido uma forma de assentir”, disse Cunha.

Até então exalando incompetência com vocação para fantoche, Odair Cunha deveria classificar como estranho o fato de Paulo Okamoto quitado dívidas do então presidente Luiz Inácio da Silva, algo que à época do escândalo do Mensalão do PT não foi devidamente esclarecido porque a tropa de choque palaciana entrou em ação.

Estranho também foi o episódio do Dossiê Cuiabá, cujos operadores foram apelidados por Lula de “aloprados”. A horda petista envolvida no caso foi flagrada pela Polícia Federal com R$ 1,7 milhão em espécie, dinheiro que seria utilizado para pagar documentos apócrifos contra candidatos tucanos, mas até hoje ninguém reclamou a propriedade desse valor.

Preocupados com a possível condenação de alguns mensaleiros, os petistas agora tentam produzir às pressas um sem fim de fantasias de paladinos da moralidade. Odair Cunha deveria se envergonhar do pífio papel a que se presta, pois o maior alarife do planeta se envergonharia disso.