Advogado afirma que Valdemar Costa Neto recebeu dinheiro do mensalão, mas que é inocente

Usina de inocentes – Os advogados que defendem os acusados no escândalo do Mensalão do PT (Ação Penal 470) têm insistido no mesmo erro. Nos últimos cinco dias, ocuparam a tribuna para negar a existência da compra de votos ou apoio parlamentar no Congresso Nacional. O que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal são os crimes cometidos pelos acusados e que permitiram a existência do mensalão. Na acusação, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não mencionou compra de votos, se não como destino final do dinheiro oriundo dos crimes cometidos.

Defensor do deputado Valdemar Costa Neto (PR), o advogado Marcelo Luiz Ávila de Bessa disse que seu cliente recebeu R$ 8,8 milhões do PT, mas que o dinheiro foi repassado ao presidente da legenda, à época Partido Liberal. Bessa destacou que o pagamento fez parte de um acordo eleitoral. Na defesa que fez de Costa Neto, o advogado disse que o “acordo” entre o PT e o PL foi para viabilizar a campanha presidencial de 2002, na qual José Alencar, morto em março de 2011, era candidato a vice na chapa na chapa encabeçada por Luiz Inácio da Silva. Ou seja, de novo a culpa foi arremessada sobre alguém que não pode se defender, a exemplo do que ocorreu na acusação contra os diretores do Banco Rural.

“Houve um acordo político. Mas no caso especifico, houve um acordo de Valdemar, não por ser deputado, e não porque seria deputado, mas sim porque era presidente de partido, para viabilizar na campanha presidencial a candidatura de José de Alencar como vice. […] Foi um acordo eleitoral”, declarou o advogado.

O argumento não convence, pois o escândalo do mensalão ocorreu após a eleição de 2002. Fora isso, se acreditasse na inocência que seu advogado destilou no Supremo, Valdemar Costa Neto não teria renunciado a o mandato de deputado federal para escapar da cassação.

A tentativa unânime dos advogados de inocentar os principais envolvidos no maior escândalo de corrupção da história nacional cai por terra diante das declarações dos que assumiram ter participado do esquema ou reconheceram sua existência.