Curto-circuito – Há uma incontestável discrepância entre o discurso da presidente Dilma Rousseff e os números da economia brasileira, que vem sofrendo de maneira sistemática os efeitos da crise internacional. Em visita á cidade de Rio Pardo de Minas (MG), onde nesta sexta-feira anunciou a ampliação do programa “Brasil Sorridente”, a presidente Dilma afirmou que o Brasil enfrenta a crise “assegurando empregos”.
“Nós hoje estamos enfrentando uma crise no mundo. O Brasil sabe que vai superar, porque temos os pés no chão. O Brasil sabe que ele vai enfrentar a crise e passar por cima dela, assegurando emprego para todos os brasileiros”, declarou a presidente.
O discurso de Dilma Rousseff aconteceu no mesmo dia em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os resultados de um estudo que aponta redução de 0,2% do emprego na indústria em junho, em comparação com o mês anterior, quarto resultado negativo seguido. A queda foi maior na comparação com junho de 2011. A taxa caiu 1,8% – a nona baixa seguida nesse tipo de comparação e a mais intensa desde dezembro de 2009, quando o índice recuou 2,4%.
Enfrentar a crise econômica garantindo empregos, como anunciou Dilma, só pode ser considerado como solução se o salário médio do trabalhador brasileiro fosse elevado. De acordo com o próprio IBGE, dois terços da população economicamente ativa recebem menos do que dois salários mínimos por mês. E querer que essa massa consuma acima do normal com tão pouco dinheiro é no mínimo uma prova de irresponsabilidade.