Disfunção hormonal: uma vilã que ataca em silêncio

(*) Regis Salgado –

O descontrole hormonal pode acontecer em qualquer faixa etária e classe social. A grande explicação para o aparecimento do problema é a hereditariedade. Há ainda sintomas mais difíceis de lidar, como depressão, irritabilidade, sensibilidade ao frio e baixa libido. Apesar de não refletirem diretamente na estética, tais sintomas afetam as relações pessoais e o rendimento no trabalho.

Como cada organismo reage de uma forma distinta, muitas vezes a mulher procura vários médicos antes de encontrar um diagnóstico preciso. Isso porque muitos profissionais acabam se baseando apenas nos resultados laboratoriais, sem avaliar a fundo as reações visíveis do corpo, por exemplo.

É preciso avaliar cada caso. Se uma paciente está com resultados dos exames normais, mas relata alterações físicas e psicológicas compatíveis com uma disfunção hormonal, é importante considerar essa avaliação para tratar a doença.

É comum as pacientes chegarem ao consultório tomando medicamentos para depressão, tristeza e cansaço, o que mascara os sintomas da disfunção hormonal. O melhor conselho é buscar sempre um diagnóstico preciso de quem procura entender o corpo como um todo e não por partes.

Causas e consequências

Ainda não é possível evitar que o corpo entre em desordem hormonal, mas alguns hábitos podem ajudar a potencializar os sintomas. “Fumo, consumo de bebidas alcoólicas e uso de pílula anticoncepcional não são, na prática, causas de desequilíbrios hormonais, mas influenciam de maneira negativa a doença”.

No entanto, o vilão da vida moderna tem uma posição de destaque como agente desencadeador das disfunções: o estresse. “O cortisol, que circula no organismo da pessoa estressada, é um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais e afeta o sistema imunológico, além de aumentar a pressão arterial e a glicose no sangue. Se o corpo fica mais propenso a doenças, também se torna mais frágil aos problemas hormonais.

Quanto ao tratamento, a medicina, infelizmente, ainda não está evoluída a ponto de conseguir estimular uma glândula a produzir hormônio. Logo, problemas como o hipotireoidismo são tratados com reposição hormonal, o que faz com que seja preciso encontrar uma dose adequada individualmente.

Diagnóstico Preciso

Se você tiver algum tipo de dúvida sobre o seu quadro hormonal, consulte imediatamente um endocrinologista, que requisitará um exame de sangue chamado TSH e T4, para avaliar se as taxas de hormônio estão de acordo.

Conheça os distúrbios hormonais mais comuns

Tireóide

A disfunção na tireoide, glândula em forma de borboleta que fica na base do pescoço, é muito comum nas mulheres. Acredita-se que pelo menos 20% da população feminina sofram com o mau funcionamento da glândula responsável pela produção dos hormônios que regulam o organismo.

Existem vários tipos de alterações da tireoide, sendo os mais frequentes o hipotireoidismo e o hipertireoidismo.

Hipotireoidismo: problema mais comum ligado à tireoide. Caracteriza-se pela diminuição ou falta de produção do hormônio T4.
Sintomas: ganho de peso, cansaço, alteração do ciclo menstrual, pele oleosa, sensibilidade ao frio, queda e quebra de cabelo, sonolência, depressão e fragilidade das unhas.
Tratamento: reposição hormonal com controle pelo resto da vida.

Hipertireoidismo: é menos comum e mais grave, pois pode levar a problemas cardíacos e até a morte. Caracteriza-se pela superprodução dos hormônios T3 e T4.
Sintomas: emagrecimento rápido e sem motivo, exoftalmia (“olhar assustado”), taquicardia, irritabilidade, hiperatividade alterações no humor e pele ressecada.
Tratamento: injeção de um neurotransmissor para bloquear o funcionamento exagerado da tireóide.

(*) Regis Salgado é médico endocrinologista (www.regissalgado.com.br)