Críticos de Joaquim Barbosa nada falam sobre encontro de magistrados e advogados do mensalão

Dois pesos – a Cobrar coerência no mundo político é tarefa hercúlea, quiçá não seja missão impossível, mas não custa insistir no tema. Quando o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso do Mensalão do PT (Ação Penal 470), foi flagrado em uma mesa de bar de Brasília no período em que estava de licença médica, os petistas centraram esforços na divulgação do fato, como forma de comprometer a imagem do magistrado.

Portador de dores crônicas no quadril, o que o obriga a trocar constantemente de cadeira no plenário do STF e a se ausentar das sessões de julgamento para rápidas massagens, Joaquim Barbosa se vale das licenças médicas nos momentos de crises agudas, o que não pode ser interpretado como um atestado de óbito. Quem é afastado do trabalho por ordem médica não está proibido de viver, como quiseram os petistas por ocasião de encontro de Barbosa com amigos.

A falta de coerência que reina na política não deixa de fora do seu alcance os petistas, muito pelo contrário. Esses são os primeiros a abusar no chamado “non sense” para justificar atitudes que eles próprios condenaram no passado. Na noite de quarta-feira (22), o ministro Marco Aurélio Mello, o procurador Roberto Gurgel e alguns dos advogados que defendem os mensaleiros – Márcio Thomaz Bastos, Alberto Zacharias Toron e Arnaldo Malheiros Filho, entre outros – participaram de forma amigável de festa, na capital federal, em homenagem aos 80 anos do também advogado José Gerardo Grossi, um dos grande nomes do Direito verde-louro. Até mesmo a namorada de José Dirceu, Evanise Santos, representou o chefe do mensalão na festa de Grossi.

No salão de um hotel de Brasília, os convivas chegaram a fazer algumas brincadeiras relacionadas ao julgamento do maior escândalo de corrupção da história nacional. O que há de errado nesse episódio? absolutamente nada, assim como normal foi a saída de Joaquim Barbosa. Se para os petistas a ida de Barbosa a um bar durante licença médica foi o maior dos escárnios, resta saber o que esses paladinos da moralidade têm a dizer sobre o regabofe que reuniu defensores de mensaleiros e magistrados incumbidos de dar um basta à corrupção e à impunidade.