Pedindo socorro – As previsões acabam de se confirmar. O gelo do Ártico atingiu sua extensão mínima no dia de hoje. Dados preliminares divulgados pelo Centro Nacional de Dados sobre Gelo e Neve dos Estados Unidos revelam que o gelo do polo norte se reduziu neste ano a 4,1 milhões quilômetros quadrados, uma área 70.000 quilômetros quadrados menor que a do recorde histórico de 2007.
Ao mesmo tempo em que a queima indiscriminada de combustíveis fósseis apresenta seus efeitos colaterais contra o clima do planeta e, em especial, contra o frágil ecossistema do Ártico, ativistas do Greenpeace Internacional retomaram seus protestos contra o início da exploração comercial offshore de óleo nesta remota região.
Na noite de ontem, dois dias após ocupar uma plataforma da petroleira russa Gazprom, no mar de Pechora, os ativistas interceptaram o navio Anna Akhmatova, uma embarcação de passageiros que levava operários para a plataforma. Estes operários seriam os responsáveis por iniciar o trabalho de exploração comercial de petróleo na região.
Em uma ação pacífica, os ativistas acorrentaram seus botes à âncora do Anna Akhmatova para evitar que o navio seguisse adiante. Com isso, a intenção é atrasar o início da exploração de óleo na plataforma da Gazprom e chamar a atenção do mundo para o problema.
O grupo, formado por 14 ativistas de dez países, incluindo Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, continua em ação. O comando da plataforma, entretanto, já solicitou ajuda da guarda costeira russa. Até o momento, porém, as autoridades não interviram.
“Há dois dias, escalamos a plataforma de petróleo [da Gazprom] para chamar a atenção do mundo sobre este crime ambiental, antes dele se tornar um desastre”, disse ontem Kumi Naidoo. “Hoje, agimos pacificamente para impedir esta plataforma de danificar estas águas intocadas. Faremos todo o possível para manter longe as petroleiras irresponsáveis que buscam lucrar com esta exploração.”
A plataforma da Gazprom é a primeira a se fixar no Ártico para explorar comercialmente em alto mar e representa o início da corrida do petróleo nesta frágil região. A fase de construção da plataforma está quase terminada e a Gazprom está ansiosa para se tornar a primeira petroleira a produzir comercialmente no Ártico.
Apesar das condições hostis da região onde pretende explorar, a Gazprom tornou público apenas um resumo de seu plano de contingência para o caso de vazamentos. Mesmo assim, este documento mostra que a companhia estaria completamente despreparada para lidar com um acidente no extremo norte e dependeria de métodos de limpeza fora de padrão, tais como pás e baldes, o que simplesmente não funcionaria em condições de gelo.
O Greenpeace está com uma petição internacional para recolher assinaturas para tornar o Ártico um santuário internacional, livre da exploração de petróleo e da pesca predatória. A intenção é levar as assinaturas e a proposta à ONU (Organização das Nações Unidas). Para participar da petição, acesse: www.salveoartico.org.br. (Do Greenpeace)