Alvaro Uribe acusa Santos de “fortalecer” as FARC com nova política de segurança

Caminho contrário – Ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe criticou duramente o atual mandatário do país, Juan Manuel Santos, após o anúncio de que o governo estabeleceu diálogo preliminar com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) para o início de um processo de paz. Ministro da Defesa no governo Uribe, quando liderou diversos ataques a acampamentos das FARC, Santos estabeleceu uma política para o conflito armado colombiano oposta à do ex-presidente, que apostou na repressão.

“O que ele vai negociar? O terrorismo ao lado do desenvolvimento rural? É possível negociar com o terrorismo a política tributária? É possível negociar com o terrorismo os direitos humanos? (…) Isso é inadmissível, esse é um país democrático”, afirmou Uribe em Barranquilha, de acordo com a Agência Efe. O ex-presidente reconheceu que outros países já realizaram processos de paz, como é o caso de El Salvador, mas somente em situações quando as guerrilhas “estavam frágeis”.

“Aqui, deixaram que ela se fortalecesse nesses dois anos”, atacou, em referência ao mandato de Santos. “Antes [em seu mandato], ela estava sem possibilidades de avançar, e agora está provocadora e triunfante, porque Santos suavizou a política de segurança”. Uribe continuou, dizendo que em seus oito anos de governo, as FARC sempre foram tratadas como terroristas e disse que alguns países acompanharam a Colômbia nessa decisão.

“Me dói, pois a União Europeia, os Estados Unidos e o Canadá já tinham declarado essas organizações como terroristas. O governo Santos chega e destrói a plataforma que o elegeu e volta a reconhecê-los [a guerrilha] como parte legítima do conflito. O que dirá agora a Europa e o Canadá?”, perguntou Uribe.

O ex-presidente (2002-2010) se transformou em um dos principais críticos de Santos, por considerá-lo fraco no combate às FARC e que não denuncia a suposta permissão da Venezuela à presença de líderes guerrilheiros em seu território.

Elogio

Por outro lado, o ex-presidente liberal Ernesto Samper (1994-1998) argumentou que Santos incentivou políticas agrárias e de apoio às vítimas do conflito que criaram o melhor cenário possível para uma negociação.

“Acredito que os astros nunca estiveram tão alinhados como agora na busca por uma política não apenas de paz, mas também de reconciliação nacional”, declarou Samper ao canal de televisão Caracol. (Do Opera Mundi)