Manobra escusa – O líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), classificou de “acordão escandaloso” a decisão tomada na tarde desta terça-feira (4) pelo comando da CPMI do Cachoeira de interromper os trabalhos do colegiado e só retomá-los após as eleições municipais, em outubro. “Trata-se de acordão escandaloso. Quero deixar aqui o meu protesto. Esse tipo de enganação eu não vou avalizar. Enterraram a CPI do Cachoeira”, protestou o parlamentar.
Rubens Bueno condenou ainda a interrupção dos trabalhos sem uma reunião administrativa para quebrar os sigilos bancários, fiscal e telefônico de 12 “empresas laranjas” ligadas ao esquema Cachoeira/Delta Construções. Segundo dados em poder da CPI essas empresas movimentaram pelo menos R$ 260 milhões e seriam todas ligadas ao empresário paulista Adir Assad. Os recursos têm como origem a Delta Construção e governos comandados por diversos partidos.
O líder do PPS desconfia que há interesse direto de muitos parlamentares em impedir a devassa nas contas dessas empresas. “Estranho que na reunião que aconteceu pela manhã não tínhamos quórum e a tarde, numa reunião fechada, muitos daqueles que faltaram, e já demonstravam falta de vontade para investigar apareceram para enterrar a CPI”, afirmou o deputado.
Para Rubens Bueno, se não houver uma reação de membros da comissão comprometidos com a investigação, daqui a 30 dias, quando a CPI voltar a se reunir, não haverá mais nada o que fazer, já que o prazo final de trabalhos se encerra no dia 4 de novembro. “Daqui a trinta dias estaremos aqui rezando a missa de sétimo dia da CPI do Cachoeira”, resumiu o deputado, que não descarta apresentar um relatório paralelo sobre as investigações. “Vamos cumprir o nosso papel e denunciar qualquer tipo de acordão, o que repudiamos desde já”, finalizou o deputado.