Palácio do Planalto adota silêncio obsequioso diante do grave crime ambiental cometido pela Petrobras

Dois pesos – Há no Brasil um claro e contínuo atentado à democracia, mas maioria dos brasileiros prefere ignorar o que acontece diante de seus próprios olhos, provavelmente porque protestar e cobrar coerência dos governantes dá muito trabalho.

Quando vazamentos de óleo foram detectados na Bacia de Campos, no litoral fluminense, a norte-americana Chevron que explorava petróleo e gás na região, foi massacrada, com direito a manifestos gazeteiros da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e depoimento dos executivos da empresa à Polícia Federal. Os executivos estrangeiros da companhia foram impedidos de deixar o País, medida que foi revogada recentemente pela Justiça, desde que os responsáveis paguem fiança.

Após multa milionária, a Chevron foi proibida de operar no Brasil por causa dos danos ambientais que provocou. Diferentemente do tratamento dispensado aos responsáveis pela Chevron no Brasil, o governo da presidente Dilma Rousseff sequer se manifestou a respeito da acusação feita pela Polícia Federal contra a Petrobras.

De acordo com inquérito instaurado pela Divisão de Crimes Ambientais da PF, no Rio de Janeiro, a Petrobras despejou no oceano toneladas de resíduos tóxicos originários da operação de extração de petróleo através de plataformas marítimas, sem qualquer tipo de tratamento. Responsável pelo inquérito, o delegado Fábio Scliar afirmou que a Petrobras simplesmente ignora a legislação sobre o tratamento e o descarte da água tóxica – chamada de “água de produção” ou “água negra” -, que se mistura ao óleo prospectado nas unidades marítimas de produção.

Para Scliar, “o impacto é trezentas vezes maior do que o vazamento da Chevron em 2011. O negócio vem desde que há exploração de petróleo no Brasil”. O delegado da PF completou: “Essa água negra é descartada há décadas no oceano sem o tratamento adequado. E não há fiscalização qualquer. Isso é um segredo nacional de décadas”.

Ora, os atuais ocupantes do Palácio do Planalto, que espernearam por ocasião do vazamento no Campo de Frade, exigindo a imediata punição da Chevron, deveriam ser coerentes e adotar postura idêntica. Não o fazem porque são covardes confessos, mas se o fizerem dirão que se trata de herança maldita dos governos anteriores ao do messiânico Lula, o xeique tupiniquim do petróleo.