Dilma deixa a desejar em termos de convencimento no anúncio da redução das tarifas de energia

Conversa fiada – Para quem é considerada uma especialista em energia e já ocupou o Ministério de Minas e Energia, a convite do messiânico Lula, a presidente Dilma Rousseff foi pouco convincente na solenidade palaciana que serviu para anunciar a redução das tarifas de energia elétrica, que acontece a menos de quatro semanas das eleições municipais e que só valerá a partir de 2013.

Dilma apelou a um discurso embusteiro ao afirmar que a redução das tarifas de energia garantirá o crescimento da economia nacional, ao mesmo tempo em que faltou com a verdade quando disse que a crise internacional obrigou o governo a adotar medidas pontuais.

No tocante ao crescimento econômico a partir da redução do preço da energia, a presidente esconde dos incautos brasileiros a necessidade do governo de manter sob controle a resistente inflação, um dos principais itens da amaldiçoada herança deixada por seu antecessor. Com a redução das tarifas de energia elétrica, o Palácio do Planalto poderá atender aos seguidos apelos da direção da Petrobras e concordar com o aumento dos preços dos combustíveis, sob pena de ao ignorar o assunto obrigar a estatal petrolífera a novos e milionários prejuízos.

Em relação à adoção de medidas pontuais, um país que ousa estar entre os chamados “emergentes” não pode aguardar uma crise global para decidir o futuro da própria economia. Durante os longos oito anos em que Lula esteve no Palácio do Planalto, o Brasil viveu à sombra de uma bolha de virtuosismo que com seus estouros seguidos começa a produzir os primeiros estragos, os quais exigirão dos brasileiros pelo menos cinco décadas de esforço para serem neutralizados.

Quando a segunda fase da crise internacional eclodiu na União Europeia, arrastando para o ralo muitas economias locais, o ministro Guido Mantega, da Fazenda, garantiu com todas as letras que o Brasil passaria ao largo do movimento que ainda chacoalha o Velho Mundo. E a fala messiânica de Mantega foi prontamente endossada por Dilma Rousseff, que agora posa para as câmeras como a rainha da sapiência.

Engana-se sobremaneira aquele que pensa que a economia brasileira será salva apenas e tão somente com uma redução da tarifa de energia elétrica. De igual maneira não será esse anúncio eleitoreiro que fará com que o governo federal assuma suas responsabilidades e passe a investir em infraestrutura, o que de fato impulsionará a economia nacional. O comunicado deve ser considerado uma farsa, pois durante anos a fio os consumidores de energia pagaram taxa extra para financiar o setor, algo que a partir do próximo ano será devolvido em suaves e longevas parcelas. Ou seja, é aquela velha teoria popular de não existe almoço de graça.