Números desconexos – Repetindo o que o brasileiro já conhece com largueza, a imprensa verde-loura insiste em fazer o ridículo papel de apenas informar, de maneira pontual e isolada, os fatos do cotidiano, como se esclarecer a verdade fosse crime. Em uma sociedade supostamente democrática, o jornalismo opinativo, com base na coerência e na lógica, é tão importante quanto necessário, pois ao cidadão é preciso dar o direito à reflexão, o que para tal exige informações balizadas e comparativas.
Em 2010, o governo do então presidente Luiz Inácio da Silva comemorou com a corriqueira pirotecnia populista o ingresso de mais de trinta milhões de novos consumidores na chamada casse média, ascensão que só foi possível no vácuo do crédito fácil e do consumismo, não através da geração de riqueza e consumo responsável. O discurso comemorativo logo foi incorporado à campanha da outrora candidata Dilma Rousseff, que eleita comemorou o feito como se fosse uma enorme conquista do partido que acredita ser o ventre da mãe de Aladim, o folclórico gênio da lâmpada maravilhosa.
Um estudo realizado pelo governo federal e cujos resultados foram divulgados nesta quinta-feira (20) pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência (SAE), aponta que mais da metade da população brasileira (53%) faz parte da classe média, o que representa um total de 104 milhões de brasileiros. Nos últimos dez anos, segundo a SAE, 35 milhões de brasileiros foram incluídos na classe média.
A pesquisa classifica como classe média o grupo de cidadãos que vivem em famílias com renda per capita mensal entre R$ 291 e R$ 1.019 e tem baixa probabilidade de passar a ser pobre no futuro próximo. Ou seja, a classe média brasileira para o governo do PT é composta por pessoas que têm renda mensal menor do que dois salários mínimos, o que invalida qualquer tese de salvar a economia nacional por meio do consumo interno, feito de forma responsável.
O estudo divulgado pela SAE destaca que a expansão da classe média decorre de um processo de crescimento do país em combinação com a redução da desigualdade social. A estimativa é que, mantidas a taxa de crescimento e a tendência de queda nas desigualdades dos últimos dez anos, a classe média chegue a 57% da população brasileira em 2022.
De acordo com Renato Meirelles, do instituto de pesquisa Data Popular, que participou da pesquisa “a classe média brasileira vai movimentar em 2012 cerca de R$ 1 trilhão”. Eis o mistério nebuloso da bolha de virtuosismo lançada por Lula e que começa a estourar. Longe de duvidar da afirmação de Renato Meirelles, beira a irresponsabilidade um país em que a classe média movimenta R$ 1 trilhão por ano, enquanto Estado, como um todo, arrecada mais de R$ 1,3 trilhão em impostos no mesmo período. É inconcebível economicamente o país que arrecada mais do que consome a principal classe social. Até as 17h20 desta quinta-feira, horário do fechamento desta matéria, o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo registrava R$ 1,084 trilhão pagos pelos contribuintes em impostos.
Tal realidade invalida os efusivos discursos palacianos, não sem antes mandar pelos ares os slogans dos governos Lula e Dilma, que enfatizam a igualdade social e a redução da miséria. Não há como promover igualdade social e redução da miséria em um país onde a carga tributária representa um terço do Produto Interno Bruto. Mesmo assim, algumas universidades ao redor do planeta resolveram conceder ao messiânico Lula títulos de doutor honoris causa. Enfim…