Mudez estranha – Uma semana depois da edição da revista Veja que trouxe sérias acusações de Marcos Valério contra o agora calado Luiz Inácio da Silva, o ex-presidente e o Partido dos Trabalhadores simplesmente mergulharam em um estranho e obsequioso silêncio. Lula, que é acostumado às blasfêmias quando o assunto é desqualificar um oponente, ainda não se pronunciou sobre o tema. E não deve falar tão cedo, pois o silêncio sepulcral da última semana é confissão de culpa. Até porque, comprar briga com o publicitário mineiro, operador financeiro do Mensalão do PT, seria uma operação politicamente suicida.
O máximo que o PT conseguiu fazer, cumprindo ordens expressas de Lula, foi uma nota de desagravo ao ex-metalúrgico, assinada pelos partidos da chamada base de apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff. Na nota, que foi duramente criticada pelo aliado PDT, os petistas se limitaram à frase “fantasiosa matéria veiculada pela revista Veja”. Fosse a reportagem fantasiosa, como sugere a claque “lulista”, o PT já teria ingressado na Justiça cobrando explicações. Não o fez porque sabe que a Veja gravou a entrevista e que o arsenal de marcos Valério é muito vasto.
Em 24 de maio de 1992, a mesma revista Veja trouxe como matéria de capa as denúncias de Pedro Collor contra o irmão, o então presidente Fernando Collor de Mello, que acabou apeado do Palácio do Planalto no vácuo de um conturbado processo de impeachment. Três dias após aquela publicação, o PT requereu ao Congresso Nacional a instalação de uma CPI para investigar a veracidade das denúncias de Pedro Collor.
Pouco mais de vinte anos depois, o PT, que já não se incomoda em se alimentar no cocho da farsa, simplesmente se cala diante da reportagem da mesma Veja, que à época a legenda dos barbudinhos incensava a todo instante.
Naquela ocasião, Lula, então presidente do Partido dos Trabalhadores, divulgou nota à imprensa em que afirmava descartar qualquer possibilidade de acordo para barrar a criação da CPI que investigou as denúncias contra Fernando Collor e Paulo César farias, o PC. “É obrigação do Congresso Nacional, da Procuradoria Geral da República e do Poder Judiciário levar a apuração das denúncias contra Collor e Paulo César Farias às últimas consequências, para que a verdade seja conhecida pelo conjunto da sociedade”, escreveu o falso ético Lula. Em outro trecho da nota, o farsante líder petista afirmou que “a saída para a atual crise institucional passa pela mobilização popular e pela formação de um arco de alianças envolvendo partidos e entidades da sociedade civil para salvaguardar a democracia e as instituições”.
Hoje, Lula é acusado de ser o chefe maior da quadrilha do Mensalão do PT, opta pelo silêncio, o que pode ser interpretado como confissão de culpa, e ordena a seus interlocutores para que disseminem a tese boquirrota de que tudo não passa de um golpe das elites, em conluio com o Judiciário (leia-se STF) e setores da imprensa.
Quem ousa desfiar esse abusado apedeuta, sustentando a verdade dos fatos a qualquer custo, como é o caso do ucho.info, acaba sofrendo intimidações de toda ordem. O PT adora falar em democracia, mas é louco para implantar uma ditadura de esquerda, o que calaria os setores da imprensa livre que não se curvam e muito menos se vendem. Mas não chegam ao ponto de emplacar uma ditadura porque até nesse quesito são incompetentes. Porém, continuarão tentando.