Com ou sem a vitória de Serra, PSDB deve aproveitar eleição paulistana para definir o próprio futuro

Hora da verdade – A eleição para a prefeitura da cidade de São Paulo servirá para balizar o futuro do PSDB, independentemente da vitória de José Serra. Espécie de quartel general do tucanato, a porção paulista da legenda continua dando as ordens, como se o partido não tivesse representação nacional. No Congresso, por mais que tucanos de outras unidades da federação se esforcem, acaba quase sempre prevalecendo o desejo do grupo paulista.

Esse comportamento quase imperioso faz com que a legenda tenha dificuldades para enveredar pelas plagas da renovação, o que pode ser facilmente constatado no alto índice de rejeição de José Serra, que luta para chegar ao segundo turno da corrida ao trono paulistano. Não fosse o índice de rejeição, Serra teoricamente venceria a eleição no primeiro turno. A resistência do eleitorado da maior cidade do País em relação ao candidato deve ser analisada com muito cuidado pelo PSDB, caso mantenha o desejo de lançar candidato à Presidência da República em 2014.

No caso de vencer a eleição para a prefeitura de São Paulo, o que com base nas pesquisas é considerado difícil, Serra nem ao menos pode sonhar com a possibilidade de concorrer ao Palácio do Planalto, sob pena de o partido ficar desmoralizado, pois muitos tucanos garantiram que o candidato, se eleito, cumpriria o mandato até o fim. Se for derrotado, José Serra tem o dever partidário de ajudar o PSDB a encontrar o caminho da renovação, mesmo que os “novos” sejam velhos conhecidos dos eleitores, mas que até então não tiveram as devidas chances.

O pleito do próximo domingo (7) será possivelmente a derradeira disputa de Serra, que deve abrir caminho para as lideranças que surgem em qualquer partido. Independentemente do currículo, José Serra está com a imagem desgastada, além de ser refém de folclórica antipatia.

PT preferiu arriscar

Tirante o apreço que o PT tem pela corrupção e a incompetência do atual candidato petista como ministro, Fernando Haddad foi uma tentativa de renovação. O que nem de longe significa que Haddad é o melhor candidato, pois uma cidade com a pujança de São Paulo não precisa de um administrador que não fala por si só, mas que sempre se apresenta como dependente de Lula e da presidente Dilma Rousseff.

Essa necessidade de renovação do PT, que é inerente a qualquer partido, surgiu a partir da constatação de que Lula é findável como qualquer ser humano e de que sua saúde não é das melhores. Quando Lula passar para o outro lado da vida, se é que isso realmente existe, o PT pode desaparecer caso inexista alguma liderança nova e convincente, desvinculada dos escândalos que marcaram o partido na última década.