Pavio aceso – A forma irresponsável como o governo do PT trata a crise econômica nacional chega a espantar aqueles que não se deixam influenciar pelo discurso fácil e embusteiro que brota do mercado financeiro, sempre ávido a arrancar fortunas dos bolsos dos incautos cidadãos.
De acordo com o Banco Central, os brasileiros que não conseguiram fechar suas respectivas contas no mês de agosto usaram por dia, em média, R$ 1,184 bilhão do cheque especial, invencionice verde-loura que em pouco tempo leva os desavisados à bancarrota. No mês, segundo o BC, a dívida dos correntistas com os bancos atingiu a marca de R$ 21,095 bilhões, com redução de 1,3% em relação a julho.
Mesmo com as recentes reduções das taxas de juro, o malfadado cheque especial continua sendo a mais cara modalidade de crédito. De acordo com dados do Banco Central, em agosto a taxa do cheque especial ficou em 148,6% ao ano, índice que ultrapassa com largueza o mais suave e contemplativo entendimento sobre usura. A título de comparação, a taxa média de juro do crédito pessoal, em agosto, foi de 39,4%.
Técnicos do BC sempre afirmam que a taxa de juro do cheque especial é “proibitiva” – o ucho.info afirma que é criminosa -, mas o órgão nada faz para proibir esse tipo de assalto legalizado. Analisando os dados da instituição, logo se percebe que os brasileiros costumam usar o cheque especial por 22 dias, em média, ao longo do mês.
Cálculos do professor de finanças Marcos Aguerri Pimenta, Faculdade Ibmec, mostram que se um correntista usar R$ 100 do cheque especial nesse período de 22 dias, pagará R$ 5,82 de juro. “Isso é um valor considerável, ainda mais se compararmos à caderneta de poupança, que remunera em torno disso no período de um ano”, destaca. Ou seja, se em vez de usar o cheque especial, o correntista tivesse R$ 100 para aplicar na poupança, levaria um ano para ter em torno de R$ 5,82 de remuneração, valor pago ao banco pelo empréstimo em apenas 22 dias.
Para provar que é extremamente preocupante o momento de crise enfrentado pela economia brasileira, basta tomar o valor devido pelos correntistas aos bancos na modalidade de cheque especial, em agosto. Como no Brasil falar-se em milhões tornou-se algo corriqueiro, R$ 21,095 bilhões (utilizados somente em agosto) pode parecer uma cifra pouco assustadora, mas não custa lembrar que o orçamento da cidade de São Paulo, a quarta maior do planeta, para o ano de 2012 é de R$ 39 bilhões. Ou seja, somente em um mês os correntistas usaram do perigoso cheque especial mais da metade do valor que a capital paulista gasta em um ano.
Essa brincadeira de país emergente, embalada pela bolha de virtuosismo lançada pelo messiânico Luiz Inácio da Silva, tem tudo para acabar mal e se transformar em túnel do terror. Diz a sabedoria popular que quem avisa amigo é.
