Condenações no STF e milhões de votos não computados mostram que o Brasil precisa se reinventar

Muita atenção – Enquanto os brasileiros se ocupam com as disputas típicas do processo eleitoral, o País vive um momento delicado e que mereceria maior atenção, até porque serve como ponto de reflexão e de mudança de comportamento. Não fossem as decisões do Supremo Tribunal Federal no caso do Mensalão do PT, condenando os réus sem se importar com a pressão exercida nos bastidores, por certo o Brasil estaria afundando ainda mais na vala da corrupção. Mas tais condenações são insuficientes para resgatar o País do lamaçal político em que se encontra.

Existindo legalmente sob três Poderes constituídos, o Brasil atualmente tem apenas o Judiciário como tábua de salvação. Considerando que um tripé não pode avançar apoiado em uma só perna, algo precisa ser mudado com urgência, sob pena de o País se transformar em barafunda sem conserto.

O que temos visto nos últimos dois meses, no Supremo, é o julgamento não apenas do maior caso de corrupção da história nacional, mas, sim, do Executivo e do Judiciário, pois a Ação Penal 470 trata do conluio criminoso entre esse dois poderes, o que por si só é um atentado contra a democracia. Os mais ilustres condenados no caso do Mensalão do PT falam repetidas vezes em golpe das elites, juntamente com setores da imprensa e do Judiciário, mas a verdade é que ninguém gosta de ser apanhado em flagrante delito. E quando isso acontece com um meliante notório, o espernear vem na devida proporção.

Beira o impensável uma nação que depende do Judiciário para garantir, em doses mínimas, sua existência, enquanto os dois outros poderes se comprazem ao redor da mesa dos embustes e das negociatas. A saturação da sociedade em relação ao cenário que aí está ficou evidente nas urnas do último domingo, 7 de outubro, quando 25% dos votos de todo o País deixaram de ser computados, considerando-se as abstenções e os votos nulos e brancos.

Sem dúvida esse foi o primeiro passo, mas não pode ser o único e derradeiro. É preciso mais, é preciso que o cidadão se politize e exija que a política se transforme em algo limpo e necessário, por mais que algumas sujeirinhas apareçam aqui e acolá. É verdade que a vida de continua apesar das eleições e dos julgamentos que ocorrem no Supremo, mas o brasileiro precisa estar mais atento e engajado. Mudanças não ocorreram na sequência, mas cada um tem obrigação de dar ao futuro a chance de ser melhor.