Dias Toffoli está no centro de escândalo que envolve o PMDB e o candidato do partido em Sorocaba

(Foto: Veja)
Confusão a caminho – O apoio do PMDB a Fernando Haddad, candidato petista que disputa a prefeitura de São Paulo em segundo turno, está sendo negociado nos bastidores do poder, mas o vice-presidente Michel Temer, presidente nacional dos peemedebistas, pode estar ingressando em seara perigosa por causa das moedas de troca colocadas sobre a mesa de negociação.

Para que o partido e Gabriel Chalita migrem para a campanha petista, Michel Temer quer que o PT garanta apoio a dois candidatos do PMDB que concorrem a prefeituras no interior de São Paulo. Renato Amary, que disputa a prefeitura de Sorocaba com o tucano Antonio Carlos Pannunzio; e Maria Antonieta de Brito, que tenta se reeleger à prefeitura do Guarujá, mas tem o pedetista Farid Madi como adversário.

Para que a confusão que ronda o PMDB não se torne um assunto confuso, trataremos do tema em duas matérias distintas. A primeira delas terá como foco o candidato do PMDB À prefeitura de Sorocaba, Renato Amary.

Com base na Lei da Ficha Limpa, os desembargadores do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo indeferiram, por seis votos a zero, o registro da candidatura de Renato Amary que, quando prefeito de Sorocaba, contratou, sem licitação, por R$ 3,2 milhões, o Instituto de Organização do Trabalho (Idort) para cobrar a dívida ativa do município do interior paulista. Fora isso, Amary foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Estado a devolver cerca de R$ 230 mil aos cofres municipais por causa de irregularidades na implantação da Policlínica de Sorocaba.

Inconformado com a decisão do TRE-SP, Renato Amary recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral, mas a Procuradora-Geral Eleitoral, Sandra Cureau, manifestou-se favoravelmente ao indeferimento da candidatura, lembrando que, com base no julgamento do TRE paulista, “exige apenas a confirmação da decisão do órgão judicial colegiado para reconhecer a inelegibilidade”.

Como sempre afirmamos, a política reúne a obsessão pelo poder e a sanha por negócios na maioria das vezes milionários. Foi no vácuo desse binômio do mal que Renato Amary não desistiu de sua empreitada e insistiu no TSE para ter o deferimento do registro de sua candidatura.

Em todos os segmentos da vida inexistem coincidências, o que é válido também e principalmente na seara da política. Ministro do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, José Antônio Dias Toffoli, em plena tarde de um domingo, em inusitada e absurda decisão monocrática da Corte, decidiu, de forma monocrática, que o candidato Renato Amary não se enquadra na Lei Ficha Limpa.

Toffoli agiu ao arrepio da opinião dos outros ministros da Corte eleitoral, o que reforça a estranheza do fato de o PMDB, mesmo diante das decisões judiciais com condenação, não ter sequer aventado a possibilidade de substituir o candidato à prefeitura de Sorocaba. Como se fosse pouca a ousadia, o PMDB sorocabano alardeava sua confiança na absolvição de Renato Amary no TSE.

Que Dias Toffoli, alvo de contínuas galhofas nos bastidores do universo do Direito, é um magistrado que entrará para a história por conta de decisões absurdas todos sabem, mas é preciso que ele explique essa sua dominical dedicação, uma vez que, religioso que é, deveria estar orando em alguma igreja da capital dos brasileiros.

Para quem não vê problemas em participar do julgamento do Mensalão do PT, mesmo tendo advogado para o partido e sido subordinado a José Dirceu, assim como entende ser normal o fato de sua namorada, Roberta Rangel, ter defendido mensaleiros (Paulo Rocha e Professor Luizinho), Dias Toffoli por certo classificou como equivocada a decisão unânime de seis desembargadores paulistas que indeferiram o registro da candidatura de Renato Amary.

Imaginem, caros e perplexos brasileiros de bem, se a namorada de Toffoli estiver envolvida de alguma maneira com o caso de Renato Amary. Com boa dose de certeza surgirá algum governista para dizer que estamos diante de mais uma tentativa de golpe das elites, sempre em conluio com setores da imprensa.

Conhecida por sua retidão como magistrada e pela precisão de suas decisões, a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, precisa tomar o assunto para si e dar uma resposta adequada à sociedade, pois os desembargadores do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo e a procuradora-geral eleitoral Sandra Cureau não podem ser alvo de uma zombaria protagonizada por alguém que só chegou à instância máxima da Justiça por causa do compadrio.

Essa história de Renato Amary é muitíssimo mal contada e, se investigada a fundo, causará uma hecatombe no Judiciário.