José Dirceu e Genoino adotam tom novelesco um dia após serem condenados no Supremo

Seguindo o script – O tom melodramático adotado por José Dirceu e José Genoíno um dia após o Supremo Tribunal Federal condenar ambos por corrupção ativa, no caso do Mensalão do PT (Ação Penal 470), já era esperado, pois quando o esquema de compra de parlamentares corria solto na Esplanada dos Ministérios os envolvidos apostavam na falsa sensação da impunidade, algo que ganhou corpo depois da chegada de Lula ao poder central.

Dirceu e Genoino insistem que são inocentes, mas em momento algum, durante a vigência do criminoso esquema, questionaram o fato de o Partido dos Trabalhadores, que estava com as finanças corroídas, conseguir vultosos empréstimos bancários de forma tão repentina e fácil. Até mesmo o mais radical dos inocentes desconfiaria de uma situação como essa, mas José Genoino entendeu ser algo normal. De igual modo, Dirceu e Genoino sequer desconfiaram da repentina facilidade com que projetos de interesse do governo foram aprovados no Congresso. Por certo isso ocorreu não porque Lula é a reencarnação de Messias ou um herdeiro de Aladim, mas simplesmente porque parlamentares foram escandalosamente comprados.

A farsa começou a ser desmontada no momento em que os advogados de alguns dos réus na Ação Penal 470 adotaram a estratégia de afirmar que o dinheiro do mensalão era caixa 2 de campanha, como se isso não fosse crime. Podendo ser classificado como ato de desespero combinado com insanidade, tal estratégia encontra explicação na necessidade de se salvar o PT como legenda.

A ousadia dos condenados é tamanha, que Genoino afirmou em carta que aqueles que cobram punição aos corruptos são “moralistas de ocasião”, como se o PT fosse uma reunião de monges. “O julgamento da população sempre nos favorecerá, pois ela sabe reconhecer quem trabalha por seus justos interesses. Ela também sabe reconhecer a hipocrisia dos moralistas de ocasião”, escreveu o ex-presidente nacional do PT.

O PT chegou ao Palácio do Planalto e de chofre colocou em marcha um projeto totalitarista de poder, que se não for interrompido transformará o Brasil em uma versão agigantada da vizinha e agora bolivariana Venezuela. Qualquer ato ou fato que atrapalhe a instalação do mencionado projeto é considerado pelos petistas como golpe das elites. Esse discurso visguento de José Genoino é cansativo, pois o esquema comandado pela cúpula do governo Lula era do conhecimento de muitos em Brasília., sendo revelado apenas porque a divisão do produto do crime não saiu a contento.

Já o ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, apela à militância para nas urnas dar uma resposta ao que ele considera como uma injustiça. Depois de Golbery do Couto e Silva, que chefiou a Casa Civil (1974 – 1981) nos governos Geisel e Figueiredo, o ex-deputado José Dirceu foi o melhor ocupante do cargo. Tendo em suas mãos todas as operações do governo de alguém que durante oito anos se dedicou à fanfarrice oficial, José Dirceu não pode alegar que desconhecia o Mensalão do PT.

Manter o discurso da inocência é o direito de qualquer condenado pela Justiça, mas não se pode questionar a decisão da quase totalidade dos ministros do Supremo Tribunal Federal. O que o PT tenta, como sempre faz, é erguer uma cortina de fumaça diante de um escândalo que o ameaça, creditando o feito às oligarquias de direita, nelas inclusa a imprensa.

Após a dosimetria da pena, José Dirceu e seus camaradas terão tempo de sobra para pensar no que fizeram e nas inverdades que vociferaram, na tentativa de ludibriar a opinião pública.