Rubens Bueno critica blindagem a Cabral: “Por que o governador não quer dar explicações?”

Tropa de choque – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), durante reunião da CPI do Cachoeira, criticou a blindagem ao governador Sérgio Cabral Filho (PMDB-RJ), acusado de envolvimento com a empresa Delta Construção, do empresário Fernando Cavendish. O parlamentar voltou a defender a convocação de Cabral.

“O governador precisa vir aqui explicar suas relações com a construtora, inclusive sua amizade com Fernando Cavendish. Por que essa blindagem pesada ao governador?”, indagou.

Sérgio Cabral aparece em fotos durante viagem a Paris ao lado do presidente licenciado da Delta, Fernando Cavendish. Investigações da Polícia Federal apontam transferência da construtora a empresas fantasmas do grupo de Cachoeira.

A fala de Bueno foi interrompida pelo deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), que faz parte da tropa de choque de Cabral na CPI. O peemedebista chamou suas declarações sobre o envolvimento de Cabral com a Delta de “levianas”.

Bueno rebateu: “Qual é o medo? Por que blindar o governador do Rio, porque ele é o segundo governador do PMDB? Não há leviandade nenhuma em dizer que está em curso aqui uma blindagem, obedece a um esquema montado para que essa comissão seja enterrada hoje, no dia das bruxas”, afirmou, em referência à data em que se comemora nos Estados Unidos o Halloween. O deputado Picciani é ex-secretário de Habitação do Rio de Janeiro.

Rubens lembrou ainda que os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), de Goiás, Marconi Perillo, compareceram à comissão espontaneamente. Para o líder, a blindagem a Cabral o torna “o principal suspeito”.

O líder do PPS está entre os parlamentares que defendem a prorrogação dos trabalhos da CPMI por 180 dias.

Governo barra quebra de sigilos

Na reunião desta quarta-feira, o governo também barrou a apreciação de mais de 500 requerimentos que aguardam apreciação da CPMI. O pedido de adiamento de votação foi apresentado pelo relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), e impediu, por exemplo a quebra de sigilos de treze empresas laranjas que receberam recursos da Delta fora do eixo centro-oeste. Grande parte delas são de propriedade do empresário Adir Assad.

Também ficou prejudicada a apreciação de outros requerimentos do líder do PPS que solicitavam as cópias de contratos da companhia de água e saneamento do Rio de Janeiro (Cedae) com a Delta, além da convocação do contínuo Bruno Estefânio de Freitas, laranja da construtora Delta no Rio de Janeiro, que aparece como recebedor de pelo menos 33 milhões de reais da empresa só em 2011. “A verdade é que enterraram a CPI. O governo e seus aliados da bancada da Delta não querem apurar mais nada”, lamentou Rubens Bueno, que votou contra o adiamento de votação.

Até quinta-feira oposição e governo recolhem assinaturas para a prorrogação da comissão. PPS, PSOL, DEM, PSDB e o PDT do Senado defendem 180 dias e a base aliada quer 48 dias, apenas para a conclusão do relatório final.