Verdade sobre a mesa – Integrantes da oposição que não admitem “a pizza” que o governo do PT e seus aliados desejam servir na CPI do Cachoeira acionarão o Ministério Público Federal, na próxima semana, pedindo a abertura de investigação para apurar uma série de negociatas da Delta Construção que a base de apoio ao governo de Dilma Rousseff quer esconder. O grupo quer desvendar, por exemplo, o destino de mais de R$ 400 milhões que a Delta repassou para treze “empresas laranjas”. O dinheiro da empreiteira, que tem como origem os cofres da União, pode ter abastecido caixas dois de campanha em 2010. A CPI se nega a investigar as empresas de fachada.
Os deputados Rubens Bueno (PPS-PR) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e os senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) agendaram reunião para terça-feira (6), quando será definido se farão uma única representação ou se ingressarão com uma série de pedidos.
O grupo também procurará outras lideranças interessadas em uma apuração completa do esquema Cachoeira/Delta. “Vamos procurar todos aqueles que querem investigar tudo e todos, independente de que partido for”, adiantou Rubens Bueno, que diz que a comissão não apurou, por exemplo, o crescimento dos negócios da Delta com o governo federal após o ex-ministro José Dirceu, agora condenado como chefe da quadrilha do Mensalão do PT, ter sido contratado para prestar consultoria para a empreiteira.
Operação para proteger Dilma
Para Bueno, ao se negar a quebrar o sigilo de empresas e tomar novos depoimentos, a base do governo está levando o parlamento à desmoralização. “A verdade é que empastelaram a CPI. Foram até o ponto que os interessava, que era atingir adversários políticos como o governador Marconi Perillo (do PSDB). Nós apoiamos toda essa investigação. Mas, na metade dos trabalhos, o PT e a sua base começaram a empastelar a CPMI. Desde o dia 29 de agosto, há mais de 2 meses, a CPMI não toma nenhuma medida, nenhuma decisão, não quebra sigilo e não vai atrás de nenhuma informação nova para construir um relatório isento e completo, como deve ser o papel de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para valer”, avaliou o deputado.
O parlamentar ressalta que a paralisia da comissão teve início após as revelações de que o PT usou a estrutura do governo para angariar doações para a campanha da presidente Dilma Rousseff. “Lá esteve o senhor Luiz Antônio Pagot dizendo que recebeu o tesoureiro de campanha da então candidata Dilma Rousseff (o deputado José de Fillipi Júnior) e que o atendeu no seu gabinete no DNIT. E que foi atrás de empresas, empreiteiras para buscar recurso para campanha. E disse mais: recebeu os boletos das empresas que, de dentro do DNIT, doaram para campanha da então candidata Dilma Rousseff. Nada disso chamou a atenção de quem quer que seja”, protestou o deputado.
Rubens Bueno lembrou ainda que a comissão se nega a apurar as ações de outras 17 empresas, “que foram peneiradas pelo Coaf”. “As operações atípicas envolveram 160 milhões de reais. Nada disso está sendo apurado. O que nos resta? Resta-nos acionar o Ministério Público”, finalizou.