Sem recuo – O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), e o líder do partido na Câmara, deputado Rubens Bueno protocolarão, às 15h30 de terça-feira, na Procuradoria-Geral da República representação contra o ex-presidente Luiz Inácio da Silva para que seja investigada sua participação como comandante do esquema do Mensalão do PT.
Cm a intenção de que o Ministério Público investigue e ofereça nova denúncia ao Supremo Tribunal Federal, o PPS alega que a teoria do domínio do fato, ou seja, da ciência do ocorrido, que foi aplicada na condenação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, também poderia ser adotada no caso de Lula, que foi o maior beneficiário do esquema.
A representação do PPS foi atualizada com as informações publicadas no último fim de semana pela revista Veja. De acordo com a reportagem, o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza teria declarado ao MP que foi chamado a conseguir dinheiro para resolver um caso de chantagem contra o então presidente e o seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho. Os dois estariam sendo extorquidos por pessoas envolvidas no caso de corrupção e morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, afirma a revista.
Celso Daniel, à época prefeito de Santo André, concordou com um esquema de cobrança de propinas para ajudar financeiramente a campanha presidencial de Lula, em 2002. Contudo, o ex-prefeito discordou da destinação dada ao dinheiro arrecadado junto a empresários. A partir desse posicionamento, os companheiros de Celso Daniel tramaram sua morte, que aconteceu de forma brutal e covarde, com direito a empalação.
Pelo menos sete pessoas, entre testemunhas e envolvidos no crime, morreram meses depois vítimas de homicídio. Na lista dos que desapareceram misteriosamente depois do assassinato de Celso Daniel está o médico-legista Carlos Alberto Delmonte Printes, encontrado morto em seu escritório, em 12 de outubro de 2006, no escritório no bairro de Vila Mariana, na Zona Sul da capital paulista.
Quem teve acesso às informações sobre o caso e ousou revelá-las também foi alvo de intimidações e ações criminosas. É o caso do editor do ucho.info, que foi ameaçado de morte e processado por saber muito sobre o caso e ter divulgado com exclusividade as gravações telefônicas feitas pela polícia. Conhecidos advogados, ex-integrantes de Cortes superiores da Justiça brasileira e que na ocasião defendiam o PT, passaram a enviar ao editor do site mensagens eletrônicas de caráter intimidatório.
Confira abaixo os principais trechos das gravações telefônicas do caso Celso Daniel, divulgadas à época com exclusividade pelo ucho.info. Em uma delas, o atual ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Ivone Santana tratam a morte de Celso Daniel com frieza.