Dô: comida japonesa para comer de joelhos, em São Paulo

(*) Lucullus –

Há dias fui jantar no restaurante japonês Dô, que abriu há dois meses nos Jardins., em São Paulo Eu não conhecia a primeira casa deles em Pinheiros, mas tinha ouvido falar bem.

O motivo foi para celebrar o aniversário de um grande amigo da minha adolescência. Curiosamente ele tinha ido almoçar no mesmo lugar. Como ele era o aniversariante, perguntei onde ele queria jantar, e ele respondeu sem titubear: quero ir ao Dô de novo. Achei estranho, mas não tinha motivos para duvidar do meu amigo, sem contar que não conhecia o lugar, apesar de conhecer praticamente todos os restaurantes daquela região e de estar com muita curiosidade.

Ao entrar me deparei com uma decoração bonita, mas que não competia com o potencial da comida. Acho engraçados esses restaurantes que têm decoração fantástica e depois a comida é fraca. Pois o Dô não é nada disso.

Fomos recebidos por um dos sócios da casa, o Rogério, que é dono de restaurante há nove anos. Na área dos sushimen, só orientais, não sei se eram japoneses ou nisseis. Depois me arrependi de não ter perguntado o nome do sushiman-chefe, mas certamente o farei na minha próxima visita.

Pedimos para começar uma trinca de unis (ouriço) e uma entrada de vieiras e lula grelhadas que estavam divinas. Pena que não ter tirado foto. Depois vieram umas lasquinhas fininhas de polvo com páprica, o que fez lembrar do prato espanhol pulpo a la gallega, que também estava delicioso.

É comum o japonês testar um restaurante ao entrar pela primeira vez pedindo o tamago (omelete formado em forma de retângulo). Já eu prefiro testar pedindo o uni. Se estiver bom, com certeza o que seguir será bom. Difícil encontrar uni bom e fresco. O Dô se superou.

Para beber pedimos um saquê californiano bem seco, e como estava tão bom tivemos que derrubar duas garrafas. Na sequência pedimos um “super-mega-combinado” e solicitamos que viesse com um toque especial do sushiman, pois era aniversário do nosso amigo.

E veio. Minha nossa senhora, que maravilha! Estava tão bem apresentado e bonito que tive que dar uma de blogueiro gastronômico e tirar uma foto. Pelo que vocês podem apreciar, veio uma variedade enorme de iguarias de ótima qualidade e frescor. Creio que não houve uma única peça que eu não tenha gostado. Estava espetacular.

Cafezinho do Amorim, que segundo dizem, é um dos melhores por aí. Eu não curti muito porque era feito numa daquelas maquininhas e sou adepto ao meu café no Suplicy da Lorena, feito numa máquina de verdade. Sou chato para isso.

A conta veio, e apesar de alta, não fiquei chateado de pagá-la. Como sempre digo, o caro não é quando a conta é alta, e sim quando você não recebe o equivalente em qualidade, criatividade, dedicação e amor. Se vier bastante disso, não me importo em pagar.

Recomendo este lugar sem reservas e farei como meu amigo, irei lá no almoço e no jantar até cansar.

Serviço

Dô Culinária Japonesa

www.doculinariajaponesa.com.br

Jardins
Rua Padre João Manuel, 879
Cerqueira Cesar – São Paulo – SP
(11) 3061-2835

Pinheiros
Rua Padre Carvalho, 224
Pinheiros – São Paulo – SP
(11) 3816-3958

(*) O autor, que assina com o pseudônimo de Lucullus, nasceu no Brasil, mas morou boa parte do início de sua vida na Espanha, numa época em que quase não havia estrangeiros por lá, muito menos brasileiros. Cresceu entre espanhois, comendo bem e vivenciando a salutar tradição do “tapeo” como um espanhol. Teve a fortuna de nascer numa família que sempre deu muita importância à gastronomia e, graças a isso, conheceu muitos dos restaurantes espanhóis notáveis, que depois vieram a ser mundialmente famosos, além, claro, dos inúmeros bares de tapas de uma simplicidade estarrecedora e que produzem manjares inigualáveis. Um dos seus hobbies preferidos é cozinhar. Dizem as más línguas que já teve uma breve experiência em uma cozinha profissional.