CPI do Cachoeira: repentino recuo do relator é o efeito Rosemary, diz líder do PPS

Quem tem, tem medo – “É o efeito Rosemary”, disse, nesta quarta-feira (28), o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), ao comentar o recuo do relator da CPMI do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), que retirou do parecer a recomendação ao Conselho Nacional do Ministério Público para que investigue o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e o indiciamento do jornalista da revista Veja Policarpo Junior, entre outros profissionais da imprensa.

“O recuo do relator é efeito Rosemary. Aconteceu após o estouro de outro escândalo, que abala a República, envolvendo a ex-chefe de gabinete da Presidência. Se antes, queriam se vingar do procurador e da imprensa por causa do mensalão, agora temem que incluí-los como alvo de uma CPI complique ainda mais a situação do governo”, insistiu o parlamentar, após a reunião, bastante tumultuada, em que Odair fez a leitura do sumário do relatório.

Rosemary Nóvoa de Noronha, amiga mais do íntima do ex-presidente Lula, foi indiciada pela Polícia Federal por envolvimento em esquema montado com a compra de pareceres para favorecer interesses privados.

Voto em separado

Bueno disse que considera positiva a retirada de Gurgel e de Policarpo Junior, mas anunciou que o partido vai apresentar voto em separado. “Este relatório não traduz a totalidade das investigações da CPMI do Cachoeira. Só interessa à luta política do PT contra seus adversários políticos”, criticou o líder do PPS.

Seu voto é para investigar “tudo e todos”. Bueno informou que vai pedir o aprofundamento das apurações do envolvimento dos governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e do Tocantins, Siqueira Campos, com esquema Delta/Cachoeira. Ele pedirá também sejam investigadas as quinze empresas fantasmas localizadas fora da região Centro-Oeste, que movimentaram, segundo levantamentos da CPI, R$ 500 milhões. “As suspeitas são de que toda essa dinheirama serviu para irrigar contas de políticos nas campanhas eleitorais de 2010”, reforçou Bueno.

Esquema Pagot

Rubens Bueno criticou ainda a não-inclusão no relatório das informações prestadas por Luis Antonio Pagot, diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre) no governo Lula, que afirmou à CPI ter sido pressionado pelo tesoureiro da campanha, o atual deputado federal José de Fillipi (PT-SP), para apontar as empresas que poderiam contribuir financeiramente com a campanha de Dilma Rousseff. “Essa CPI trabalhou o tempo todo para blindar o governo do PT, seus aliados, a Delta e suas empresas-fantasmas”, finalizou o parlamentar.