A morte por encomenda

(*) Carlos Brickmann –

Um grupo de traficantes foi preso em Taubaté, SP. Com eles, num tablet, a informação explosiva: uma lista de mais ou menos 500 pessoas, todas pertencentes a famílias de origem libanesa e chinesa, com endereço e telefone residencial e profissional, celulares, mais informações diversas – por exemplo, “este nome não aparece no Google”. Tudo indica que se tratem de possíveis alvos. Um dos integrantes da lista foi morto a tiros quando viajava a Ribeirão Preto, SP; dois outros, um de origem libanesa, um oriental, foram assaltados em Mogi das Cruzes, SP. O de nome libanês foi torturado de várias maneiras durante o assalto: além de tomar choques, o queimaram com cigarro. A lista abrange famílias do Vale do Paraíba, Litoral Norte, Serra da Mantiqueira, Alto Tietê – e cidades importantes como São José dos Campos, Taubaté, Mogi das Cruzes, Ubatuba, São Sebastião.

As investigações são comandadas pelo delegado Juarez Toti, de Taubaté. O boletim de ocorrência tem o número 631-2012. Os integrantes da lista, ao menos em algumas das cidades, foram avisados pela Polícia. Agora, o detalhe mais curioso: a descoberta da lista ocorreu em 15 de novembro. Duas semanas depois, o comando da máquina de segurança pública ainda não se manifestou.

Os criminosos não pouparam esforços para elaborar sua lista. Concentraram-se em nomes árabes e chineses. Em alguns casos, havia um esclarecimento após o nome árabe: “este é judeu”.

Estará o comando da Secretaria da Segurança paulista amparando a investigação a respeito desse tipo de crime tão organizado?

Coincidência

Aliás, este é um caso que merece atenção não apenas da Secretaria da Segurança, mas principalmente do governador. A lista é um desafio ao poder do Estado. E com uma agravante: Geraldo Alckmin é de Pindamonhangaba, que fica no Vale do Paraíba, área ameaçada pelo crime organizado.

Informação para quê?

O caro leitor há de perguntar por que, um mês após a descoberta da lista, os meios de comunicação nacionais ainda não entraram no caso. Boa pergunta.

Porto inseguro

Uma frase clássica de Alexandre Dumas, pai, resume metade da história: Há uma mulher em cada caso. Assim que me trazem um relatório, eu digo: “Procure a mulher”. Outra frase clássica, do Garganta Profunda, principal informante dos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein na investigação do caso Watergate, resume a outra metade: Sigam o rastro do dinheiro.

Pois não é que as investigações da Polícia Federal encontraram a mulher e o rastro do dinheiro?

O x do problema

Boa parte das confusões federais envolve os cargos de confiança – aqueles em que o poderoso de plantão escolhe quem vai ganhar bem sem que tenha necessidade de fazer concurso. E quais as providências que Brasília está tomando? As de sempre: providencia a criação de mais cargos de confiança.

A mais nova fornada, que autoriza mais 90 nomeações sem concurso, já está no plenário do Senado. Exigirá certa negociação, que ninguém é de ferro; mas será aprovada.

Notícia oportuna

O Correio decidiu contratar 800 detentos para trabalhos administrativos.

Crise paulista

Não é apenas no setor de segurança que a infraestrutura de São Paulo é falha. A Saúde também enfrenta problemas – e justo num hospital de referência, cartão de visitas da rede pública. O Incor, Instituto do Coração, tem carências que chegam até o racionamento de gaze. E, em sua especialidade básica, naquilo que o tornou famoso, a cirurgia cardíaca, chega a faltar o tipo específico de esparadrapo para cobrir o peito aberto de pacientes que receberam marca-passo.

Alô, governador (e médico) Geraldo Alckmin: tinha de ser no seu Governo?

Segunda quente

Duas boas notícias da área cultural nesta segunda, dia 3: o lançamento do livro Giane, vida, arte e luta, biografia do ator Reynaldo Gianecchini, escrita por Guilherme Fiúza (autor de Meu nome não é Johnny); e o lançamento de dois livros do grande Newton Mesquita, um dos expoentes das artes plásticas brasileiras. Um é Diurno Noturno Pinturas; outro, Releituras Pinturas Desenhos Esculturas, em belas edições, com excelente acabamento, serão autografados em coquetel na Livraria Saraiva do Shopping Higienópolis, SP, a partir das 19h30.

O remédio e a burla

Comprar pela Internet? Tudo bem, mas nem sempre: um leitor desta coluna encomendou no portal da Cirúrgica Ribermédica, de Ribeirão Preto, dois tubinhos de um gel de arnica, marca Doutorzão, a R$ 14 cada. É para quem se recupera de quimioterapia. O cliente encomendou os dois, pagou os dois e recebeu só um. Desde meados de outubro pede o que ficou faltando. O laboratório não manda nem desculpas. E não há erro possível: dois tubinhos pesam 400 gramas e o pacote do Sedex, com embalagem e tudo, tem (devidamente registrado) apenas 300 gramas.

Cuidado com a tal Ribermédica: se a empresa enrola mais de um mês e não corrige um erro de R$ 14, que é que não fará por coisas mais caras?

(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.